Pesquisadores do Laboratório de Fisiologia Endócrina da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj) identificaram que o consumo de cafeína por gestantes e lactantes altera o desenvolvimento endócrino e metabólico de fetos e recém-nascidos. O estudo, baseado em revisões de literatura e modelos experimentais, demonstra que a substância atravessa as barreiras placentária e mamária, atingindo o sangue do cordão umbilical em concentrações potencialmente superiores às da gestante.
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A pesquisa indica que a capacidade de processamento da cafeína pelo organismo feminino diminui conforme a gestação avança. Enquanto em mulheres não grávidas a meia-vida da substância varia entre 2 e 4,5 horas, no terceiro trimestre esse período se estende para 11,5 a 18 horas. Como o feto e a placenta não possuem as enzimas necessárias para metabolizar a cafeína, a meia-vida fetal pode chegar a 100 horas.
Riscos gestacionais
O consumo materno superior a 300 mg diários — equivalente a três ou quatro xícaras de café — está estatisticamente associado a um aumento de 31% no risco de aborto espontâneo. Em modelos animais, a exposição pré-natal resultou em:
- Peso ao nascer: Redução do peso corporal da prole.
- Sistema Endócrino: Alterações no metabolismo da glicose, lipídeos e função hepática.
- Diferenciação por sexo: Identificou-se que os efeitos da substância podem variar entre descendentes machos e fêmeas.
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Impacto na Tireoide
Investigações publicadas em 2024 pelo grupo da Uerj detalharam o impacto da cafeína no eixo hipotálamo-hipófise-tireoide. Os resultados apontam que mesmo doses consideradas baixas interferem na síntese dos hormônios tireoidianos e na expressão de proteínas fundamentais para o funcionamento da glândula. Essas modificações morfológicas e moleculares podem persistir ao longo da vida adulta da prole, afetando o equilíbrio hormonal.
A cafeína integra a dieta regular de aproximadamente 90% dos adultos, com médias de consumo que variam entre 171 mg e 238 mg por dia no Brasil. Além do café, a substância é encontrada em: chás, refrigerantes, chocolates, medicamentos analgésicos e suplementos termogênicos.
Apesar de benefícios documentados em adultos saudáveis — como a redução do risco de doenças neurodegenerativas — a recomendação técnica para o período gestacional e de amamentação prioriza a moderação devido aos efeitos no desenvolvimento celular e hormonal do bebê.