Em 2025, ao completar 200 anos de seu nascimento, Dom Pedro II ganha atenção renovada não apenas por ter sido o último imperador do Brasil, mas especialmente por sua profunda vocação para ciência, educação e modernização — aspectos de sua obra que reverberam até os dias atuais.
Um imperador voltado aos livros e às ciências
Desde jovem, Dom Pedro II revelou-se um monarca atípico: mais inclinado ao estudo do que à ostentação do poder. Poliglota e leitor ávido, dedicava horas ao aprendizado de línguas, história, ciências naturais e artes.
Tendo ciência e cultura como pilares de sua visão para o Brasil, ele usou recursos próprios — o chamado “bolsinho do imperador” — para financiar estudos de jovens brasileiros no exterior em campos como medicina, engenharia, astronomia e demais áreas científicas.
A exigência era clara: ao retornar, deveriam aplicar seus conhecimentos no Brasil. Esse investimento pessoal em educação transformou-se em sementes para a formação de gerações de profissionais especializados, em um país ainda sem universidades consolidadas.
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Astronomia e observatórios
Dom Pedro II tinha fascínio especial por astronomia. Manteve um observatório astronômico no Palácio de São Cristóvão e patrocinou a aquisição de instrumentos modernos da Europa, contribuindo para que o Observatório Nacional (ou seus predecessores) se tornasse uma referência na América Latina.
Instituições que marcaram uma era.
Durante seu reinado surgiram ou foram fortalecidas instituições que, mais tarde, se transformariam em pilares da cultura, da ciência e da educação no país — entre elas:
* Colégio Pedro II (1837)
* Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro (IHGB) (1838)
* Escola de Minas de Ouro Preto, criada em 1875, que pioneiramente formou engenheiros e técnicos no Brasil.
Para Dom Pedro II, ciência e educação não eram supérfluos: eram instrumentos de civilização, progresso e construção de identidade nacional.

Inserção internacional e intercâmbio de saberes
O imperador mantinha correspondência regular com cientistas, intelectuais e pesquisadores europeus — entre eles nomes como Louis Pasteur e Alexander Graham Bell —, o que ajudou a inserir o Brasil nas redes internacionais de ciência e cultura.
Esse intercâmbio tornou-se um dos fundamentos da modernização do país, estimulando a adoção de técnicas, descobertas e práticas científicas no Brasil ainda imperial.
Visão de Estado: ciência, educação e futuro da nação
Para Dom Pedro II, o progresso do Brasil dependia diretamente da valorização do conhecimento. Ele acreditava que sem educação ampla e acesso à ciência, o país jamais alcançaria o desenvolvimento pleno.
Em seu exílio, redigiu seu “testamento político” — o documento conhecido como Fé de Ofício — no qual deixou registrada sua convicção de que o Brasil deveria caminhar para um regime de instituições sólidas, liberdade intelectual e progresso científico.
Embora algumas ideias de sua visão — como a imigração europeia para formação da mão de obra — reflitam o viés e os dilemas de sua época, a ênfase na educação, ciência e pensamento crítico permanece como herança concreta.
Por que Dom Pedro II ainda importa hoje
* Muitos dos instrumentos de ciência e educação dos quais o Brasil moderno se orgulha têm raízes em seu mecenato e visão de Estado. ([Estado de Minas][6])
* Seu entendimento de que um país deve investir em conhecimento, cultura e tecnologia continua atual, especialmente diante dos desafios contemporâneos de desigualdade, inovação e formação de capital humano.
* Ao revisitar sua trajetória no bicentenário, resgatamos não apenas a memória de um monarca, mas a de um **ideal de país possível** — um país no qual educação, ciência e cultura caminham juntas para transformar o presente.