A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) autorizou o uso do medicamento Mounjaro para o tratamento da apneia obstrutiva do sono em adultos com obesidade. O anúncio, publicado no Diário Oficial da União na última sexta-feira (17), marca um avanço importante na terapêutica de uma das condições respiratórias mais comuns e subdiagnosticadas no país.
Desenvolvido pela farmacêutica Eli Lilly, o Mounjaro tem como princípio ativo a tirzepatida, já utilizada no combate ao diabetes tipo 2. Com a nova aprovação, o Brasil se torna um dos primeiros países a validar oficialmente o medicamento para o controle da apneia do sono, uma doença que compromete a respiração e afeta milhões de pessoas em todo o mundo.
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O que é apneia do sono e por que preocupa
A apneia obstrutiva do sono (AOS) ocorre quando há interrupções repetidas na respiração durante o sono, causadas pelo bloqueio parcial ou total das vias aéreas. O distúrbio provoca ronco intenso, despertares noturnos e sonolência excessiva ao longo do dia. Além do impacto na qualidade do descanso, a condição está associada a um risco maior de doenças cardiovasculares, hipertensão e diabetes.
Estudos apontam alta eficácia
A decisão da Anvisa foi baseada em estudos clínicos internacionais que demonstraram resultados promissores. Um dos principais, publicado em 2024 na revista New England Journal of Medicine, revelou que o uso de tirzepatida reduziu de forma significativa o número de episódios de apneia por hora de sono. Em alguns casos, pacientes chegaram a dispensar o uso do CPAP, equipamento comumente utilizado para manter as vias respiratórias abertas durante a noite.
Pesquisadores destacam que o medicamento pode melhorar a oxigenação, reduzir o peso corporal e diminuir o risco de complicações cardíacas — uma combinação rara entre os tratamentos disponíveis. Em ensaios clínicos, cerca de 50% dos participantes tratados com Mounjaro deixaram de apresentar sintomas da apneia do sono após alguns meses de uso.
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Como o Mounjaro age no organismo
A tirzepatida é uma molécula que imita a ação de dois hormônios naturais — GIP e GLP-1 — responsáveis por regular o apetite, a liberação de insulina e o metabolismo da glicose. Essa ação combinada favorece a saciedade e a perda de peso significativa, com estudos apontando reduções superiores a 20% do peso corporal em nove meses.
Assim como medicamentos da mesma classe, como Ozempic e Victoza, o Mounjaro auxilia no controle glicêmico, mas se diferencia pelo efeito potencialmente superior tanto na perda de peso quanto na melhora de parâmetros respiratórios.
Os efeitos colaterais relatados até o momento foram leves e de natureza gastrointestinal, como náusea e desconforto abdominal — semelhantes aos observados em outros medicamentos da mesma classe.
Uma nova esperança para quem sofre com apneia
Especialistas apontam que a tirzepatida pode representar uma virada no tratamento da apneia obstrutiva do sono, especialmente entre pessoas com obesidade, grupo de maior risco para o distúrbio. Além de melhorar a respiração noturna, o medicamento pode impactar diretamente a saúde metabólica e a qualidade de vida dos pacientes.