Um novo nome ressoa nos corredores da literatura mundial, prometendo discussões intensas sobre a condição humana. A Academia Sueca anunciou nesta quinta-feira (9) o escritor húngaro László Krasznahorkai como o laureado do Prêmio Nobel de Literatura de 2025, distinguindo uma obra que transcende o convencional e confronta a realidade com uma profundidade singular. A consagração de Krasznahorkai não é apenas um tributo à sua maestria individual, mas um convite a explorar mundos literários que provocam reflexão e redefinem os limites da narrativa.
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Nascido em Gyula, Hungria, em 1954, Krasznahorkai não é um novato no cenário literário, mas um mestre reconhecido por uma prosa densa e envolvente. Seus romances, frequentemente descritos como distópicos e filosóficos, exploram as nuances da desolação e da melancolia, marcando o leitor com narrativas exigentes e introspectivas. Formado em Direito, com especialização em Latim, sua bagagem intelectual se reflete em textos de grande erudição e complexidade. Seu "Sátántangó", de 1985, que posteriormente virou um filme cult pelas mãos de Béla Tarr, é um marco em sua trajetória, pintando um retrato desolador do interior húngaro às vésperas da queda do regime comunista. As vivências internacionais do autor, com passagens por Berlim, Leste Asiático, Kyoto e Nova Iorque, são pilares que enriqueceram sua perspectiva e moldaram a evolução de sua escrita a partir dos anos 90, culminando em outras honrarias como o Man Booker International Prize em 2015 pelo conjunto de sua obra.
O Prêmio Nobel, uma das mais prestigiosas condecorações globais, foi estabelecido por Alfred Nobel, o inventor da dinamite, com o intuito de celebrar aqueles que "tiveram conferido o maior benefício à humanidade". Para Krasznahorkai, a Academia Sueca justificou a escolha "por sua obra convincente e visionária que, em meio ao terror apocalíptico, reafirma o poder da arte", uma declaração que ecoa o tom de seus livros. O reconhecimento financeiro acompanha a honraria, com um valor estipulado em 11 milhões de coroas suecas, aproximadamente R$ 6,2 milhões.
Desde sua criação em 1901, o Nobel de Literatura já coroou 122 talentos em 118 edições, com algumas particularidades notáveis. Curiosamente, a história do prêmio registra duas recusas célebres: Boris Pasternak, em 1958, sob pressão de seu governo, e Jean-Paul Sartre, em 1964, por princípios pessoais. A diversidade de idades também chama atenção: Rudyard Kipling levou o prêmio com apenas 41 anos em 1907, enquanto Doris Lessing foi a mais longeva, aos 87 anos em 2007, demonstrando que a genialidade não tem prazo de validade.
Este ano, Krasznahorkai se une a um rol de nomes impactantes, seguindo a sul-coreana Han Kang, laureada em 2024 por sua "intensa prosa poética". A lista recente de vencedores inclui luminares como Jon Fosse (2023), Annie Ernaux (2022) e Abdulrazak Gurnah (2021), evidenciando a constante busca da Academia por vozes que definem e desafiam a literatura contemporânea, solidificando o lugar do húngaro entre os gigantes da literatura mundial.
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