O Brasil enfrenta uma crise de saúde pública relacionada à intoxicação por metanol presente em bebidas alcoólicas falsificadas, afetando principalmente jovens adultos. O estado de São Paulo concentra o maior número de ocorrências, totalizando 22 casos entre suspeitas e confirmações.
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Desse total, em São Paulo, sete casos já foram confirmados por ingestão da substância. As autoridades paulistas investigam cinco mortes suspeitas, sendo que um óbito foi confirmado na capital devido à contaminação.
O metanol é uma substância incolor e inodora. Os sintomas iniciais se manifestam de forma similar aos de uma ressaca, incluindo náuseas, vômitos e tontura. Contudo, entre 6 e 24 horas após o consumo, a condição evolui para sinais graves, como visão turva e cegueira, que pode se tornar irreversível.
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Vítimas na grande São Paulo
O surto começou um jovem da região da Cidade Dutra, zona Sul de São Paulo, que consumiu um gin adulterado em uma reunião. Após passar mal, ele relatou tontura intensa. O jovem segue hospitalizado há cerca de um mês, tendo entrado em coma e necessitado de ventilação mecânica e hemodiálise após perder a visão.
Outro caso envolveu um jovem de 23 anos, intoxicado após beber um destilado de "marca famosa". Ele teve cegueira temporária e precisou de três dias de internação. Outras três pessoas foram hospitalizadas no mesmo evento.
A polícia também investiga a intoxicação de uma cliente que teria consumido vodka adulterada no bar "Ministrão", na região dos Jardins. A cliente ficou cega após a ingestão da bebida.
Além deles, no estado de Pernambuco também registrou três suspeitas de intoxicação em três homens, resultando em dois óbitos. A terceira vítima pernambucana recebeu alta, mas com sequela de perda de visão bilateral.
Investigação e medidas de segurança
As investigações estão concentradas na rede de falsificação de bebidas destiladas, como gin, vodca e uísque. A Vigilância Sanitária interditou três bares na Grande São Paulo.
O bar "Ministrão" foi fechado após ser constatado que o estabelecimento adquiria bebidas de "vendedores de rua" sem nota fiscal. Em apenas dois dias, mais de 800 garrafas sem procedência comprovada foram apreendidas na capital paulista.
O Ministério da Justiça e Segurança Pública (MJSP) emitiu um alerta para que estabelecimentos e consumidores suspeitem de itens com lacres tortos, erros de impressão e preços significativamente abaixo do mercado.
O ministro Ricardo Lewandowski determinou que a Polícia Federal (PF) abra um inquérito para rastrear a origem do metanol e a rede de distribuição, que pode ter atuação em diferentes estados. A adulteração de bebidas com metanol pode resultar em penas de até 12 anos de detenção.