Uma operação de alto impacto da Polícia Civil derrubou, nesta quarta-feira (1º), uma das maiores quadrilhas digitais já investigadas no Brasil. O grupo usava inteligência artificial para clonar rostos de celebridades e enganar milhares de vítimas em todo o país. Entre os alvos está uma influenciadora de nome Lais, de Piracicaba, apontada como peça-chave no esquema milionário.
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De acordo com as investigações das equipes do Rio Grande do Sul, os criminosos criavam deepfakes de famosas como Gisele Bündchen, Juliette Freire, Angélica e Sabrina Sato, simulando anúncios irresistíveis de cosméticos e viagens. As promoções falsas levavam consumidores a sites clonados, onde o pagamento era feito via Pix. Resultado: o dinheiro sumia, e o produto nunca chegava.
O esquema teria movimentado R$ 210 milhões em poucos anos. Para lavar o dinheiro, os golpistas usavam empresas de fachada, contas em nome de idosos e até criptomoedas. Em Piracicaba, a polícia encontrou carros e motos de luxo em um condomínio da região da Pompeia.
Entre os bens apreendidos estavam um Porsche Cayenne S, Range Rover Velar, BMWs e motocicletas avaliadas em centenas de milhares de reais. Nas redes sociais, os investigados exibiam a vida de luxo conquistada com o golpe — e ainda zombavam das vítimas. Em um caso, um golpista debochou de uma mulher que perdeu R$ 800, escrevendo: “colocou R$ 200, perdeu; depois colocou mais 600”.
Além de enganar consumidores, a quadrilha oferecia uma espécie de “curso” clandestino para ensinar interessados a aplicar golpes digitais, transformando a fraude em uma rede criminosa em expansão.
A investigação, batizada de “Modo Selva”, cumpriu sete mandados de prisão preventiva e nove de busca e apreensão em São Paulo, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Bahia e Pernambuco. A ação foi conduzida pela Delegacia de Investigações Cibernéticas Especiais (Dicesp) e pelo Departamento Estadual de Repressão aos Crimes Cibernéticos (Dercc).
Os envolvidos devem responder por estelionato, associação criminosa, lavagem de dinheiro e exploração de jogos de azar. A Polícia Civil reforça que a maioria das vítimas não registra ocorrência — o que fortalece esse tipo de golpe.
Para as pessoas se protegerem, devem
desconfiar de promoções estreladas por celebridades; verificar se o perfil ou site é oficial, pesquisar a reputação da empresa em portais como Reclame Aqui;
Nunca compartilhar dados pessoais sem checar a procedência; e denunciar qualquer suspeita, mesmo que o valor perdido seja pequeno.
A delegada responsável resumiu que a quadrilha faturava milhões porque a maioria esmagadora das vítimas nunca denunciava.