Em mais um movimento de rompimento com organismos multilaterais, o ex-presidente Donald Trump decidiu retirar os Estados Unidos da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), acusando a agência de promover uma agenda ideológica e contrária aos interesses nacionais. A decisão, anunciada nesta terça-feira (22) pelo Departamento de Estado, ecoa uma ação semelhante tomada por Trump em 2018, durante seu primeiro mandato.
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A justificativa apresentada pela atual gestão republicana foca em um suposto viés "globalista" da Unesco, que, segundo a porta-voz Tammy Bruce, estaria promovendo causas sociais polarizadoras e mantendo uma ênfase excessiva nos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU. “[Essa agenda] vai contra nossa política de prioridade nacional ‘America First’”, afirmou.
Histórico de idas e vindas
Os Estados Unidos são membros fundadores da Unesco, tendo aderido à organização em 1945. Desde então, o país já deixou a agência três vezes. A primeira saída ocorreu em 1984, sob o governo de Ronald Reagan, com alegações de má gestão e viés antiamericano. A reintegração só veio em 2003, com George W. Bush, após reformas internas. Trump rompeu novamente em 2018, alegando viés anti-Israel. O retorno aconteceu em 2023, por decisão do presidente Joe Biden.
A retirada dos EUA representa um baque para a Unesco, com sede em Paris. Atualmente, os norte-americanos contribuem com cerca de 8% do orçamento da organização — valor já reduzido em comparação aos 20% que financiavam anteriormente. A saída definitiva será oficializada em dezembro de 2026.
A diretora-geral da Unesco, Audrey Azoulay, lamentou a decisão, embora tenha admitido que o anúncio já era esperado. “Nos preparamos para esse cenário. Ainda assim, é profundamente lamentável”, declarou.
Além do rompimento com a Unesco, a administração Trump sinaliza um reposicionamento mais amplo na política externa. O governo já anunciou planos para deixar a Organização Mundial da Saúde (OMS) e suspender o financiamento à UNRWA, agência da ONU voltada ao apoio de refugiados palestinos. Um relatório completo sobre a participação dos EUA em entidades da ONU deve ser divulgado em agosto.