O preço pago ao produtor de leite apresentou uma queda de quase 4% em maio deste ano na comparação com abril de 2025, período em que os valores já indicavam um movimento de baixa. Os dados são de uma pesquisa do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) da Esalq/USP, em Piracicaba, na última sexta-feira (27).
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Apesar da queda nos preços, o Índice de Captação do Leite na "Média Brasil" subiu 1,13% de abril para maio, superando o crescimento registrado em anos anteriores em diversas bacias leiteiras. O Cepea atribui esse avanço aos investimentos dos próprios produtores na atividade.
No entanto, levantamentos do Cepea, com apoio da Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB), apontam quedas nos preços do leite UHT, muçarela e leite em pó negociados no atacado paulista, o que indica um estreitamento das margens de lucro dos laticínios.
Mesmo com um aumento expressivo de 59% nas exportações de abril para maio, o déficit em volume da balança comercial de lácteos cresceu 7,1% no mesmo período, atingindo 169,4 milhões de litros em equivalente leite.
Cenário no início do ano e custo de produção
O início de 2025 foi marcado por altas nos preços do leite ao produtor, com valorização de 3,3% entre janeiro e fevereiro. Essa elevação foi impulsionada pela maior competição entre as indústrias pela matéria-prima. Na média dos cinco maiores centros produtores nacionais, o litro de leite captado chegou a R$ 2,77. Em comparação com fevereiro de 2024, a valorização real (deflacionada pelo IPCA) era ainda maior, alcançando 18,1%.
Naquele período, o clima adverso, com seca e calor intenso, em várias bacias leiteiras, explicou a diminuição da oferta no campo e, consequentemente, a concorrência acirrada entre os compradores. Em maio, o preço médio do litro de leite captado na "Média Brasil" (que inclui Minas Gerais, Bahia, Goiás, São Paulo, Paraná, Rio Grande do Sul e Santa Catarina) fechou em R$ 2,6431 por litro. Isso representa quedas de 3,9% em relação a abril de 2025 e de 7,4% em comparação com maio de 2024.
A manutenção dessa tendência pode comprometer a rentabilidade dos produtores e, consequentemente, afetar a qualidade da cadeia leiteira nacional. O mercado espera uma estabilização dos preços nos próximos meses, mas a volatilidade de custos e demanda mantém as incertezas.
O setor também está atento a possíveis intervenções de políticas públicas que possam auxiliar os produtores em momentos de baixa, buscando maior equilíbrio na cadeia produtiva. Para uma recuperação efetiva dos preços, analistas do mercado agropecuário avaliam que será crucial um equilíbrio entre oferta e demanda, além da implementação de estratégias de inovação e eficiência na produção. Fatores de mercado e climáticos continuarão a moldar o cenário do leite ao longo de 2025, com expectativas de uma recuperação gradual dos preços.