A investigação do assassinato de José Eduardo Ometto Pavan, 69 anos, e Rosana Ferrari, 61, em São Pedro (SP), teve um novo desdobramento: o casal de advogados que atendia as vítimas há mais de uma década é apontado pela Polícia Civil como mandante do crime. Hércules Praça Barroso e Fernanda Morales Teixeira Barroso foram presos na operação "Jogo Duplo", deflagrada em São Carlos e Praia Grande, e agora respondem por uma série de crimes, incluindo homicídio qualificado e associação criminosa.
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Confiança transformada em tragédia
O escritório dos advogados, fundado em 2007, atuava em diversas áreas do Direito, incluindo cível, imobiliário e tributário. Além da carreira jurídica, os dois também figuram como sócios de uma microempresa no setor de paisagismo, registrada desde 2016. O relacionamento entre Hércules, Fernanda e as vítimas começou por volta de 2013, quando José Eduardo e Rosana firmaram uma sociedade com os profissionais para administrar um empreendimento de flats em São Carlos. Ao longo dos anos, os vínculos se estreitaram: sem filhos ou herdeiros diretos, o casal transferiu patrimônio milionário para uma holding administrada pelos advogados, como forma de planejamento sucessório e pagamento de honorários.
Segundo a investigação, os advogados teriam utilizado essa relação de confiança para fraudar documentos, criar ações judiciais inexistentes e emitir comprovantes falsos. Estima-se que os valores desviados ultrapassem R$ 2,8 milhões em "custas processuais" e cerca de R$ 12 milhões em imóveis. Com a maior parte do patrimônio já transferido legalmente aos advogados, a Polícia Civil acredita que o assassinato foi a etapa final de um plano para garantir a posse definitiva dos bens. Os corpos de José Eduardo e Rosana foram encontrados em abril, em uma caminhonete Fiat Toro, dentro de uma chácara onde o casal costumava passar os fins de semana, próxima à rampa de voo livre da Serra de São Pedro.
A brutalidade do crime também chamou a atenção: José Eduardo foi encontrado com as mãos amarradas e Rosana, na caçamba do veículo. A polícia confirmou que os advogados se encontraram com os dois executores na mesma cidade onde ocorreu o crime, dias antes do assassinato.
Além do homicídio, Hércules e Fernanda devem responder por falsidade ideológica, estelionato, uso de documento falso e ocultação de cadáver. Também está sob apuração se outros crimes foram cometidos com o mesmo modus operandi ou se há mais envolvidos. Apesar das acusações, a defesa do casal alega inocência e sustenta que a relação com as vítimas era exclusivamente profissional, baseada em pagamentos via imóveis.
A Polícia Civil de Piracicaba segue com as diligências para mapear todos os passos dos envolvidos e não descarta novas prisões. O caso segue sob sigilo parcial, enquanto novos depoimentos são colhidos e documentos analisados.
