FRIO EXTREMO

Vai nevar no Brasil em junho? Veja o que dizem os especialistas

Por Bia Xavier/JP |
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Imagem: Freepik
A neve depende de condições atmosféricas muito específicas e só pode ser prevista com poucos dias de antecedência
A neve depende de condições atmosféricas muito específicas e só pode ser prevista com poucos dias de antecedência

A onda de frio que trouxe neve ao Sul do Brasil no fim de maio levantou uma dúvida comum entre os moradores da região: será que a neve pode se repetir nos próximos meses de inverno? Com base nas projeções meteorológicas e em padrões climáticos históricos, a meteorologista Estael Sias, da MetSul, traça o que se pode esperar para a estação mais fria do ano.

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Na reta final de maio, as áreas mais altas dos Aparados da Serra (RS) e do Planalto Sul Catarinense foram palco do mais expressivo episódio de neve desde 2021. Cidades como São José dos Ausentes (RS) e Bom Jardim da Serra (SC) registraram acúmulo do fenômeno, o que não é comum para o mês de maio, embora não seja inédito. O episódio ocorreu devido à combinação de uma massa de ar frio de origem continental com a umidade trazida por um ciclone extratropical no litoral do Rio Grande do Sul. Essa interação criou as condições ideais para a formação de neve.

Perspectiva para o inverno 2025

Apesar de o inverno astronômico só começar oficialmente em 20 de junho, o chamado inverno meteorológico — que compreende os meses de junho, julho e agosto — já teve início. Mas prever episódios de neve com tanta antecedência é um desafio. Isso porque, diferentemente de tendências de temperatura e chuva, a neve depende de condições atmosféricas muito específicas e só pode ser prevista com poucos dias de antecedência.

Atualmente, o Oceano Pacífico está sob um padrão de neutralidade, ou seja, não há a presença do El Niño ou La Niña. Isso coloca o inverno de 2025 em um cenário intermediário: sem os bloqueios típicos do El Niño, que dificultam a entrada de massas de ar polar, mas também sem a influência direta da La Niña, que geralmente favorece mais frio e, eventualmente, neve.

Modelos climáticos internacionais, como os da NASA, Copernicus (SEAS5) e NMME, projetam temperaturas acima da média para os três estados do Sul. Mesmo assim, isso não significa ausência de frio. Episódios gelados podem acontecer, só que de forma mais pontual.

O mês de maio serve como exemplo. Ele foi, em média, mais quente no Centro-Sul do Brasil, mas terminou com frio intenso e neve. O mesmo pode ocorrer nos próximos meses: embora o inverno não deva ser rigoroso de forma constante, não se descarta a ocorrência de ondas de frio mais fortes, com chance de neve — especialmente se vierem acompanhadas por ciclones extratropicais.

Neve: fenômeno raro e de curto alcance

Mesmo que o inverno de 2025 não se apresente como extremamente frio, ainda há possibilidade de episódios pontuais de neve. Esses eventos são mais prováveis em regiões elevadas do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina, especialmente se houver a atuação conjunta de massas de ar polar e sistemas ciclônicos.

No entanto, é importante lembrar: a neve, diferentemente da chuva, é um fenômeno que não pode ser previsto com meses de antecedência. Ela depende de condições muito específicas de umidade e temperatura em níveis diferentes da atmosfera, o que só se confirma com dias de antecedência.

Por isso, embora haja potencial para novas ocorrências neste inverno, especialmente diante da neutralidade climática, qualquer previsão mais precisa só poderá ser feita quando as condições atmosféricas momentâneas forem observadas de perto.

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