As investigações da Polícia Civil avançaram e escancararam o que estava por trás do café vendido “baratinho” no mercadinho em um estabelecimento de Piracicaba. Segundo os policiais, o local funcionava como ponto certo de escoamento de mercadoria furtada, alimentando um ciclo criminoso que começava no furto e terminava direto na prateleira, sem nota fiscal e sem qualquer pudor.
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De acordo com a apuração, o comerciante preso comprava pacotes de café por valores irrisórios, muito abaixo do preço praticado no mercado, ciente de que os produtos tinham origem criminosa. A mercadoria era adquirida rapidamente, sem perguntas, e logo colocada à venda para clientes comuns, que muitas vezes sequer imaginavam estar levando para casa um produto furtado.
Os policiais identificaram que os furtos ao supermercado União foram recorrentes e planejados. O autor entrava no estabelecimento, enchia sacolas com dezenas de pacotes de café e saía tranquilamente. Em pelo menos duas ocasiões, contou com apoio de um comparsa, mostrando que o esquema já estava estruturado e em funcionamento.
Durante a ação no mercadinho, os agentes encontraram pacotes do mesmo lote e da mesma marca furtada, todos expostos para venda. Questionado, o dono do comércio não apresentou nenhuma nota fiscal, recibo ou justificativa plausível. A checagem dos códigos e lotes confirmou: era exatamente o café levado nos furtos.
O que mais chamou a atenção dos investigadores foi o histórico do comerciante. Ele já era conhecido da polícia, com passagens por receptação, roubo, estelionato e até homicídio, reforçando a convicção de que não se tratava de “descuido”, mas de reincidência criminosa e prática consciente.
Diante do conjunto de provas, a Polícia Civil deu voz de prisão em flagrante por receptação qualificada, crime mais grave por envolver atividade comercial. Já o autor dos furtos foi indiciado, e o comparsa, que se encontra preso por outro delito, também será responsabilizado.
Todo o café apreendido será devolvido ao supermercado lesado. A Polícia Civil destacou que quem compra produto furtado alimenta o crime, prejudica comerciantes honestos e coloca em risco a segurança da própria comunidade.
A Operação “Café Amargo”, coordenada pelo delegado Dr. André de França Oliveira, deixa um recado direto: crime que começa no furto e termina na venda ilegal não passa despercebido — e o balcão também pode virar cela.
