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Longevidade bate recorde no Brasil e mulheres lideram; VEJA

Por Bia Xavier - JP |
| Tempo de leitura: 3 min
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A expectativa de vida no Brasil voltou a avançar e atingiu, em 2024, o maior nível já registrado desde o início da série histórica. Segundo a nova Tábua da Mortalidade do IBGE, o brasileiro passou a viver, em média, 76,6 anos — um aumento em relação aos 76,4 anos observados em 2023. O resultado consolida a retomada dos indicadores demográficos e reforça uma tendência conhecida: as mulheres seguem vivendo mais do que os homens.

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Mulheres ampliam vantagem histórica

Os dados mostram que a expectativa de vida feminina chegou a 79,9 anos em 2024, enquanto a masculina ficou em 73,3 anos. A diferença entre os gêneros alcançou 6,6 anos. Ao longo das décadas, essa distância variou: em 1940, era de 5,4 anos, e atingiu o maior patamar em 2000, quando chegou a 7,8 anos.

Para o professor Eduardo Batista, coordenador dos cursos de História e Sociologia da EAD UniCesumar, a maior longevidade feminina é resultado de uma combinação de fatores biológicos, comportamentais e sociais. “As mulheres tendem a adotar hábitos preventivos, procuram mais os serviços de saúde e se expõem menos a situações de risco. Além disso, há diferenças hormonais e genéticas que favorecem maior proteção cardiovascular”, explica.

Sobremortalidade masculina preocupa entre jovens

A desigualdade na mortalidade é ainda mais evidente entre jovens adultos. Em 2024, homens de 20 a 24 anos apresentaram um risco 4,1 vezes maior de morrer antes dos 25 anos do que mulheres da mesma faixa etária. Entre adolescentes de 15 a 19 anos e adultos de 25 a 29 anos, a diferença também foi expressiva, com índices acima de três vezes.

Segundo Batista, a violência urbana é um dos principais fatores por trás desses números. “Homicídios, acidentes de trânsito e outras situações de risco atingem de forma desproporcional os homens jovens, impactando diretamente a expectativa de vida”, afirma. A urbanização acelerada e a concentração de desigualdade em grandes centros também contribuem para esse cenário de maior vulnerabilidade.

Avanços sociais impulsionam longevidade no país

O crescimento da expectativa de vida no Brasil está diretamente ligado a mudanças estruturais das últimas décadas. Expansão do acesso à educação, melhorias no saneamento básico, fortalecimento do sistema público de saúde e redução da pobreza ajudaram a diminuir mortes evitáveis e ampliar a sobrevida da população.

Entre as mulheres, esse avanço foi ainda mais significativo. A ampliação da atenção básica, o acompanhamento pré-natal, os programas de prevenção e o diagnóstico precoce de doenças crônicas contribuíram para reduzir a mortalidade ao longo da vida adulta.

Educação e autocuidado fazem diferença

A escolaridade feminina tem papel decisivo nesse processo. Mulheres com maior nível de educação tendem a buscar mais informações sobre saúde, adotar hábitos alimentares mais equilibrados e tomar decisões mais conscientes sobre prevenção. Além disso, a maior presença feminina em setores profissionais com menor exposição a riscos físicos — como educação, saúde e serviços administrativos — favorece trajetórias mais longas.

Há também diferenças importantes nos hábitos cotidianos. “As mulheres procuram mais atendimento médico, consomem menos álcool e tabaco e mantêm redes de apoio social mais fortes, o que impacta positivamente a saúde física e mental”, destaca o professor.

Desafio do envelhecimento feminino

Com a tendência de que as mulheres continuem sendo maioria entre a população idosa, o especialista alerta para a necessidade de políticas públicas específicas. “Viver mais não significa, necessariamente, viver melhor. Muitas mulheres envelhecem com menor renda e maior necessidade de cuidados. É fundamental investir em envelhecimento ativo, atenção às doenças crônicas e redes de suporte de longo prazo”, conclui.

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