INOVAÇÃO MÉDICA

Chip ocular recupera visão em casos de doença degenerativa; VEJA

Por Da redação |
| Tempo de leitura: 3 min
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Um avanço da medicina oftalmológica reacende a esperança de milhões de pessoas que convivem com a perda progressiva da visão. Um sistema inovador, que une um microchip implantado na retina e óculos com tecnologia avançada, demonstrou capacidade de restaurar parte da visão central em pacientes com degeneração macular relacionada à idade (DMRI), uma das principais causas de cegueira em idosos.

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Os resultados vêm de um estudo internacional realizado em centros dos Estados Unidos e da Europa. Após 12 meses de acompanhamento, mais de 80% dos participantes apresentaram melhora significativa da visão, especialmente na região central do campo visual, essencial para atividades do dia a dia como leitura e reconhecimento de formas.

Como funciona a nova tecnologia

Diferente de tratamentos convencionais, o sistema atua substituindo a função dos fotorreceptores danificados da retina. O implante — menor que a cabeça de um alfinete — trabalha em conjunto com óculos equipados com câmera. As imagens captadas são processadas externamente, aprimoradas digitalmente e enviadas ao chip, que transforma essas informações em estímulos elétricos.

Esses sinais são então conduzidos pelas células remanescentes da retina até o cérebro, permitindo que o paciente volte a perceber imagens. Segundo os pesquisadores, o método depende da preservação parcial das estruturas internas do olho, o que torna o tratamento indicado para casos específicos da DMRI atrófica.

Resultados que impactam a rotina

Durante os testes, pacientes conseguiram avançar, em média, cinco linhas nas tabelas oftalmológicas padrão, o equivalente a uma melhora de cerca de 25 letras. Em alguns casos, a acuidade visual chegou a aproximadamente metade do padrão considerado normal (20/20), um ganho expressivo para quem antes tinha visão central comprometida.

“Pela primeira vez, conseguimos demonstrar que é possível recuperar a visão em áreas da retina consideradas cegas e fundamentais para a vida cotidiana”, destacou Frank Holz, coordenador do estudo e chefe do departamento de oftalmologia da Universidade de Bonn, em entrevista à imprensa internacional.

Uma solução criada a partir da colaboração

O sistema, chamado Prima, é resultado da união de esforços entre pesquisadores de diferentes países. A ideia surgiu da colaboração entre o oftalmologista Daniel Palanker, da Universidade Stanford, e o especialista em visão Jose-Alain Sahel, da Universidade de Pittsburgh. O objetivo era desenvolver uma alternativa eficiente sem a necessidade de fios ou conexões invasivas no corpo.

Apesar dos bons resultados, o projeto quase foi interrompido após a empresa responsável enfrentar dificuldades financeiras. A tecnologia, no entanto, foi adquirida por uma companhia americana, que agora busca aprovação dos órgãos reguladores nos Estados Unidos e na Europa para uso clínico amplo.

Cirurgia complexa e reabilitação longa

Especialistas alertam que o implante exige um procedimento cirúrgico delicado e profissionais altamente capacitados. Além disso, o sucesso do tratamento não depende apenas da operação: os pacientes precisam passar por um processo de reabilitação que pode durar até um ano, com acompanhamento frequente e treinamento para uso correto do sistema.

Também é necessário suporte familiar, já que consultas regulares e adaptação à nova forma de enxergar fazem parte do protocolo. Efeitos adversos foram registrados em alguns casos, mas desapareceram ao longo do período de acompanhamento.

Um passo importante contra a cegueira

A degeneração macular relacionada à idade afeta cerca de 5 milhões de pessoas no mundo e, até hoje, tinha opções terapêuticas bastante limitadas em estágios avançados. Embora não represente uma cura definitiva, o novo implante surge como uma alternativa concreta para recuperar autonomia e qualidade de vida.

Com resultados consistentes em diferentes países e equipes médicas, os pesquisadores acreditam que a tecnologia pode, em breve, chegar a um número maior de pacientes, marcando uma nova fase no tratamento de doenças degenerativas da visão.

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