Na madrugada abafada desta segunda-feira (8), quando a cidade parecia adormecida em rotina, um drama silencioso se desenrolava dentro de um velho Fiat Uno estacionado nas ruas estreitas do antigo Cecap.
Ali, em um espaço apertado e sufocante, Andressa Fernanda Nenuncio, 39 anos, viveu seus últimos momentos ao lado de um companheiro que, segundo vizinhos, oscilava entre carinho e explosões de ciúme, em Limeira, na Região Metropolitana de Piracicaba. Horas mais tarde, aquele carro seria o ponto final de uma história que acabou tragicamente — e que agora reacende a discussão sobre o avanço alarmante dos feminicídios no interior paulista.
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Conforme apuramos e notíciamos ontem em nosso portal e redes sociais, No início da noite de domingo (7), Andressa Fernanda e o companheiro haviam saído juntos para Sumaré. A aparência era de normalidade. Para muitos, mais um casal tentando driblar as diferenças da vida a dois. Mas, conforme apurações da Polícia Militar, o retorno para casa trouxe à tona uma discussão que se transformou em um conflito tenso e prolongado.
Quando o Fiat Uno parou na rua escura em Limeira, algo já havia se quebrado. Vozes se elevaram. Moradores relataram ter ouvido gritos, pedidos de socorro e frases interrompidas — sinais de uma mulher tentando resistir ao medo que crescia.
Uma equipe da PM fazia patrulhamento quando recebeu o primeiro alerta: moradores se aglomeravam na rua Antônio Menardi, apontando para um carro parado de forma estranha. Ao chegarem, os policiais encontraram uma cena que, segundo a corporação, jamais será esquecida pelos presentes. Andressa estava caída ao lado do veículo, gravemente ferida, enquanto o companheiro permanecia próximo, calado e cercado por moradores atônitos. Alguns choravam. Outros gritavam por ajuda. Muitos simplesmente não sabiam o que fazer diante da violência que tinham acabado de testemunhar.
Socorrida às pressas, a mulher foi levada ao hospital em estado crítico. A equipe médica lutou intensamente para estabilizá-la, mas as lesões afetaram áreas vitais. Nas primeiras horas após a entrada, Andressa não resistiu.
A confirmação de sua morte provocou indignação imediata. Vizinhos afirmaram que o casal já vivia entre conflitos, discussões constantes e gestos que, para muitos, eram sinais preocupantes. “A gente sempre ouvia brigas, mas nunca imaginava que acabaria assim”, disse uma moradora, ainda emocionada.
O assassino, de 50 anos, foi preso em flagrante e encaminhado à delegacia. A Polícia Civil abriu inquérito e trata o caso como feminicídio, seguindo a legislação que reconhece a violência de gênero como crime qualificado.