O Ministério da Saúde iniciou, na sexta-feira (15), a distribuição do exame de DNA-HPV, que será gradualmente incorporado ao Sistema Único de Saúde (SUS) como método primário para o rastreamento do câncer de colo do útero. O exame deve substituir, de forma progressiva, o teste de papanicolau, que continuará sendo utilizado apenas para confirmação de casos positivos.
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O DNA-HPV analisa amostras coletadas do colo do útero para identificar 14 subtipos do papilomavírus humano (HPV) associados ao desenvolvimento de câncer. O exame permite a detecção do vírus antes do aparecimento de lesões, ampliando a possibilidade de diagnóstico precoce.
A nova estratégia será inicialmente implantada em 13 localidades: um município de cada estado selecionado — São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Bahia, Ceará, Pará, Rondônia, Goiás, Rio Grande do Sul, Paraná, Pernambuco, Distrito Federal — como parte da fase inicial de implementação.
A meta da pasta é ampliar o uso do DNA-HPV até alcançar cobertura nacional no SUS até o final de 2026, com previsão de beneficiar anualmente cerca de 7 milhões de mulheres com idades entre 25 e 64 anos.
Como funciona o novo teste
A coleta do exame permanece semelhante à do papanicolau, com a retirada de secreção do colo do útero. A diferença está no armazenamento: em vez de ser colocada em lâmina, a amostra é enviada em tubo com líquido conservante a laboratórios que realizam análise molecular do DNA viral.
O intervalo entre exames também será alterado. Mulheres com resultado negativo poderão repetir o exame a cada cinco anos, o que reduz a necessidade de procedimentos repetitivos. A análise é capaz de identificar o vírus antes que alterações celulares se manifestem, permitindo ações antecipadas.
A tecnologia foi desenvolvida pelo Instituto de Biologia Molecular do Paraná, vinculado à Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). A decisão de adoção do método foi tomada após avaliação da Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no SUS (Conitec), que apontou maior precisão do DNA-HPV em comparação ao papanicolau.
Segundo o Ministério da Saúde, a estrutura criada durante a pandemia para testagem molecular será reaproveitada para os exames de HPV, o que deve acelerar a implantação da nova estratégia nos serviços públicos.
HPV e prevenção
O papilomavírus humano (HPV) é uma infecção viral comum e associada ao desenvolvimento de câncer de colo do útero. A transmissão ocorre principalmente por contato sexual. Muitas vezes, o vírus não apresenta sintomas visíveis.
A vacinação contra o HPV está disponível no SUS. A aplicação ocorre em dose única para meninas entre 9 e 14 anos, além de grupos específicos até 45 anos, como pessoas com imunossupressão ou em tratamento oncológico.
De acordo com o Instituto Nacional de Câncer (Inca), o câncer de colo do útero é o terceiro mais incidente entre mulheres no Brasil, com estimativa de 17 mil novos casos por ano e cerca de 20 mortes diárias, sobretudo nas regiões Norte e Nordeste.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) considera o DNA-HPV como o padrão mais eficaz para rastrear a doença. A adoção da tecnologia está alinhada à meta internacional de eliminar o câncer de colo do útero como problema de saúde pública até 2030.