Uma pesquisa publicada na revista científica Neurology revelou que o uso prolongado de medicamentos amplamente indicados para problemas digestivos, como refluxo e gastrite, pode estar ligado ao aumento no risco de demência. Os dados acendem um alerta, principalmente para quem utiliza esses fármacos por vários anos consecutivos.
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A análise foi conduzida com 5.712 pessoas ao longo de quatro anos e meio. Os cientistas observaram que, entre os participantes que utilizaram continuamente esses medicamentos por mais de quatro anos, houve um aumento de 33% no risco de desenvolver demência. Segundo Kamakshi Lakshminarayan, pesquisadora da Universidade de Minnesota e uma das autoras do estudo, ainda são necessárias novas investigações para entender os mecanismos por trás dessa associação. Ela ressalta que o risco não foi observado em quem usou os medicamentos por períodos mais curtos.
Quais medicamentos estão envolvidos?
A classe dos Inibidores da Bomba de Prótons (IBPs), que inclui omeprazol, pantoprazol e esomeprazol, é a principal envolvida na pesquisa. No Brasil, esses remédios são amplamente comercializados e indicados para tratar condições como gastrite, refluxo gastroesofágico, úlceras e esofagite. Embora eficazes para reduzir a produção de ácido no estômago, seu uso prolongado já havia sido associado a outros efeitos adversos, como deficiência de vitamina B12 e maior risco de fraturas. Agora, a possível relação com doenças neurodegenerativas adiciona uma nova preocupação.
Especialistas recomendam cautela. A interrupção súbita desses medicamentos não é indicada, pois pode agravar os sintomas digestivos. O ideal é discutir alternativas com um médico, que pode orientar mudanças no tratamento. Entre as opções estão o uso de antiácidos, ajustes na dieta, redução do consumo de cafeína e álcool, além de modificações no horário das refeições. Cada caso deve ser avaliado individualmente para garantir segurança e eficácia no controle dos sintomas.