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Cientistas de Piracicaba levam prêmio por importância de pesquisa

Por Roberto Gardinalli | roberto.gardinalli@jpjornal.com.br
| Tempo de leitura: 3 min
Keiny Andrade

Dois pesquisadores de Piracicaba vão receber, no próximo dia 26 de setembro, o Prêmio Fundação Bunge de 2024, um dos mais importantes títulos de valorização da ciência e pesquisa no Brasil. Serão premiados a professora responsável pelo laboratório de Radioisótopos do Cena (Centro de Energia Nuclear na Agricultura) da USP de Piracicaba, Elisabete Aparecida de Nadai Fernandes, e o professor titular da Esalq (Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz), Durval Dourado Neto.

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Elisabete será agraciada na categoria Vida e Obra e no tema “Rastreabilidade na produção de alimentos: segurança alimentar, capacitação e redução de assimetrias regionais”. Já Durval será premiado na categoria Vida e Obra no tema “Desenvolvimento e uso de tecnologias e conectividade acessíveis para a sustentabilidade no campo”. Também foram premiados a pesquisadora Larissa Pereira Ribeiro Teodoro, da UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul), e o professor da UFR (Universidade Federal de Rondonópolis), Hiago Henrique Rocha Zanetoni, na categoria Juventude, com pesquisadores de até 35 anos.

Pesquisadora responsável pelo laboratório do Cena em Piracicaba, Elisabete Aparecida de Nadai Fernandes possui um histórico considerado relevante na rastreabilidade da segurança de alimentos. Em 1986, após o acidente nuclear de Chernobyl, na Ucrânia, começou a ser vendido e distribuído em escolas brasileiras leite produzido na Europa a um preço muito abaixo do praticado no país. Foi quando o Laboratório em que Elisabete trabalha no Cena começou a receber amostras do produto e constatou que o leite era oriundo de áreas e países próximos do local do acidente nuclear e, por isso, estava contaminado com radiação. A cientista também teve papel fundamental no ano seguinte, em 1987, quando ocorreu em Goiás o acidente nuclear de Césio-137. O laboratório, localizado em Piracicaba, ficou responsável por identificar se os produtos do agro brasileiro se contaminaram após a ocorrência do acidente nuclear.

Já as pesquisas desenvolvidas por Durval Dourado Neto apresentam reflexos diretos em políticas públicas que impactam o Brasil, a sociedade e a produção de alimentos sustentáveis para o mundo. O pesquisador coordena o GPP (Grupo de Políticas Públicas), em que executa trabalhos em diversas temáticas ligadas ao desenvolvimento rural. Uma delas é relacionada à conectividade, um ponto extremamente importante na digitalização da agricultura e que traz reflexos diretos na produção de alimentos saudáveis, geração de renda e bem-estar dos agricultores, permanência do jovem no campo e sustentabilidade. Os trabalhos desenvolvidos pelo professor e seu grupo ajudam a subsidiar o governo na implementação de programas de conectividade e plataformas digitais que visam atender às necessidades do agro como um todo, incluido a agricultura familiar.

Inspirado no Nobel, o Prêmio Fundação Bunge já reconheceu mais de 200 personalidades brasileiras de diversas áreas de conhecimento. Entre elas estão Mariangela Hungria, Adalberto Luis Val, Silvio Crestana, Niro Higuchi, Erico Veríssimo, Hilda Hilst, Jorge Amado, Lygia Fagundes Telles, Manuel Bandeira, Rachel de Queiroz, Oscar Niemeyer, Carlos Chagas Filho, Gilberto Freyre, Paulo Freire, Celso Lafer e Fernando Abrucio.

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