ADOÇÃO RESPONSÁVEL

Tudo o que você precisa saber antes de adotar um pet

Por Ana Laura França | ana.laura@jpjornal.com.br |
| Tempo de leitura: 4 min
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A adoção de pets no Brasil tem crescido nos últimos anos, refletindo uma maior conscientização sobre a importância de oferecer um lar para animais abandonados. De acordo com dados da OMS (Organização Mundial de Saúde), estima-se que no Brasil existam cerca de 30 milhões de animais em situação de rua, sendo 20 milhões de cães e 10 milhões de gatos.

No entanto, o cenário de adoção tem mostrado sinais positivos. De acordo com uma pesquisa realizada pelo Instituto Pet Brasil, em 2023, mais de 3,9 milhões de cães e gatos foram adotados no país. Esse número representa um aumento de 10% em relação ao ano anterior. Além disso, a pesquisa indicou que 28% das famílias brasileiras que possuem pets optaram pela adoção em vez de comprar o animal.

Apesar desses avanços, ainda há desafios significativos. As ONGs e abrigos enfrentam superlotação e falta de recursos, o que torna o processo de adoção mais lento e difícil. Em grandes centros urbanos, como São Paulo e Rio de Janeiro, a taxa de abandono é elevada, com milhares de animais sendo resgatados pelas autoridades e organizações de proteção animal todos os anos.

A conscientização sobre a importância da castração como forma de controle populacional também tem crescido, o que contribui para a redução do número de animais abandonados e para a melhora das condições de vida dos pets adotados. No entanto, a demanda por lares permanentes ainda supera a oferta, tornando a adoção responsável uma prática fundamental para enfrentar o problema.

Adotar um pet é uma decisão que traz implicações significativas para a vida do adotante e do animal. Antes de tomar essa decisão, é essencial considerar vários aspectos práticos e emocionais. A adoção deve ser vista como um compromisso a longo prazo, uma vez que cães e gatos podem viver entre 10 e 20 anos, dependendo da espécie e da raça. Esse compromisso envolve não apenas o cuidado diário, mas também a responsabilidade financeira, pois manter um pet exige gastos com alimentação, saúde, higiene e lazer.

O primeiro ponto a ser avaliado é o estilo de vida do adotante. Animais de estimação precisam de tempo e atenção. Quem tem uma rotina muito agitada ou viaja com frequência pode enfrentar dificuldades para oferecer o cuidado adequado. Além disso, é importante pensar no espaço disponível em casa. Animais de grande porte precisam de áreas amplas para se movimentar, enquanto os menores podem se adaptar melhor a ambientes reduzidos. O ambiente deve ser seguro, com proteção em janelas e varandas, principalmente para gatos.

Outro fator importante é o impacto financeiro. A alimentação, as visitas ao veterinário, as vacinas, a castração, os medicamentos e os eventuais tratamentos para doenças representam despesas constantes. É necessário ter clareza sobre esses custos antes de adotar. Além disso, deve-se considerar possíveis imprevistos, como emergências veterinárias, que podem gerar despesas significativas.

A saúde física e mental do adotante também deve ser considerada. Animais demandam energia para passeios, brincadeiras e cuidados gerais. Pessoas com limitações de saúde podem encontrar desafios na manutenção desse compromisso diário. No entanto, é importante destacar que a presença de um pet pode trazer benefícios para o bem-estar emocional, como a redução do estresse e da sensação de solidão.

A escolha do animal também deve ser feita com critério. Cães e gatos têm personalidades e necessidades distintas. Alguns cães, por exemplo, são mais ativos e necessitam de mais exercícios, enquanto outros são mais tranquilos e se contentam com passeios curtos. Gatos, por sua vez, são mais independentes, mas também exigem estímulos e atenção. Conhecer as características da raça ou do temperamento do animal ajuda a garantir uma adaptação mais harmoniosa.

A adoção responsável também implica a disposição para educar o animal. Isso inclui ensinar comandos básicos, estabelecer rotinas de higiene e socialização, e lidar com comportamentos inadequados, como destruição de objetos ou excesso de latidos. A paciência e a consistência são fundamentais nesse processo, e a ajuda de um profissional pode ser necessária.

Por fim, é importante ter em mente que a adoção de um pet deve ser uma decisão conjunta, caso o adotante more com outras pessoas. Todos os membros da família precisam estar de acordo e comprometidos com a chegada do novo integrante. O apoio mútuo é essencial para garantir que o animal receba o cuidado e a atenção necessários ao longo de sua vida.

A adoção responsável é, portanto, um ato que exige reflexão, planejamento e disposição para assumir um compromisso duradouro. Ao considerar esses fatores com cuidado, é possível proporcionar ao animal adotado uma vida saudável e feliz, além de enriquecer a vida do adotante com a companhia de um amigo fiel.

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