A decisão do Vaticano de rejeitar, mais uma vez, a possibilidade de mulheres receberem o diaconato sacramental reacendeu debates internos e externos sobre o papel feminino na Igreja Católica. A conclusão foi divulgada nesta quinta-feira (04) após análise de uma comissão presidida pelo cardeal Giuseppe Petrocchi, que votou majoritariamente contra a abertura — foram nove votos contrários e apenas um favorável.
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O grupo avaliou pesquisas históricas e teológicas recentes e declarou que, no estágio atual, não há base suficiente para propor a inclusão das mulheres no diaconato entendido como parte do sacramento da ordem, responsável por instituir ministros de Cristo na Igreja. Apesar disso, o Vaticano recomendou que novos estudos sejam conduzidos, indicando que a discussão ainda não está encerrada.
O posicionamento reafirma a estrutura hierárquica da Igreja, que mantém as mulheres fora de cargos ordenados, como diáconos, padres, bispos, arcebispos, cardeais e o próprio papa — uma restrição que há décadas suscita tensão entre teólogos, fiéis e pesquisadores.
Avaliações teológicas dividem especialistas
No relatório apresentado, a comissão elencou argumentos que sustentam tanto a abertura quanto a continuidade da proibição. Um dos pontos defendidos por estudiosos favoráveis ao diaconato feminino é que a exclusão das mulheres contraria a igualdade presente na antropologia cristã e a própria mensagem de inclusão do Novo Testamento. Eles citam, por exemplo, a passagem de Gálatas 3, 28, que afirma não haver distinção entre homem e mulher em Cristo.
Do outro lado, os defensores da manutenção da regra afirmam que a identidade sacramental está diretamente ligada à masculinidade de Jesus. Para esse grupo, a ordenação apenas de homens não seria um elemento circunstancial, mas parte da compreensão teológica do plano salvífico cristão. Um dos trechos mais polêmicos do documento — que trata do “significado nupcial da salvação” — foi levado à votação e acabou empatado: cinco votos para mantê-lo e cinco pela sua retirada.
Debate permanece aberto
Embora a manifestação da comissão reforce a impossibilidade atual, o próprio texto admite que ainda não há um “julgamento definitivo” sobre o tema, diferentemente do que ocorre com a ordenação sacerdotal. A recomendação por novos estudos indica que o assunto deve permanecer em pauta, especialmente diante da pressão de grupos que defendem maior representatividade feminina nos ministérios da Igreja.
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