A decisão dos Estados Unidos de aplicar uma tarifa de 50% sobre produtos brasileiros pode alterar os preços do café no mercado interno. O anúncio foi feito pelo governo norte-americano nas últimas semanas, em medida confirmada pelo presidente Donald Trump.
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O Brasil é um dos principais exportadores mundiais de café, e os Estados Unidos figuram entre seus maiores compradores. A nova tarifa pode reduzir o volume exportado ao país norte-americano, provocando alterações na dinâmica da oferta e demanda internas.
O que dizem os economistas?
O Jornal de Piracicaba consultou o economista Ricardo Buso, que destacou: "A sobretaxa de 50% encarece muito nosso produto, certamente pesando na decisão de compra, o que deve significar queda expressiva na exportação. Mesmo com a taxação atingindo o mundo todo, a desvantagem brasileira fica evidente quando notamos que outros concorrentes exportadores foram menos penalizados, a exemplo de Vietnã (20%), Indonésia (32%), Nicarágua (18%) e Colômbia (10%). Diante disso, mesmo o Brasil sendo exímio produtor e exportador, substituir esse destino não é tarefa simples, muito menos rápida, porque já existe uma cadeia organizada de abastecimento no mundo e a escala de consumo dos Estados Unidos é muito importante.

Possíveis efeitos no mercado interno
A redução das exportações pode aumentar a oferta interna. Em um primeiro momento, o excedente de café pode pressionar os preços para baixo. O consumidor brasileiro pode pagar menos, mas produtores afirmam que isso compromete a rentabilidade do setor. Pequenos e médios produtores podem ser os mais afetados.
Ações do governo Brasileiro
Entidades do agronegócio estão em contato com o Ministério da Agricultura e com o Itamaraty para avaliar a possibilidade de negociações bilaterais ou ações na Organização Mundial do Comércio (OMC).
A Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) divulgou nota informando que acompanha os efeitos da medida e que está reunindo dados para calcular os impactos diretos sobre a produção, comercialização e renda dos produtores.
O Ministério da Fazenda informou que ainda é cedo para prever os efeitos sobre os preços ao consumidor, mas confirmou que a equipe econômica está monitorando o mercado de café e seus desdobramentos.
Produtos no mercado doméstico
Ainda segundo Ricardo Buso, "a consequência natural, se confirmada a taxação a partir de 1º de agosto, é sobrar produto aqui no mercado doméstico, que sofre bastante com a alta de preços nos últimos meses. Porém, no mundo, diante do crescimento na procura e da limitação da produção para atender, ainda prevalece a tendência de alta de preços.
Por isso, mesmo com uma disponibilidade maior do café no mercado interno é difícil (não impossível) apostar numa queda de preços. O cenário mais provável é o de mitigação da tendência de alta", finaliza o economista.
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