O caso envolvendo o influenciador Thiago Schutz, conhecido nas redes como Calvo do Campari, reacendeu a discussão sobre a influência de criadores de conteúdo que difundem ideias ligadas ao movimento red pill. Ele foi detido em Salto (SP) após a namorada denunciá-lo por agressão e tentativa de forçar relação sexual, episódio que rapidamente tomou proporção nacional.
A vítima, com quem ele se relacionava há cerca de três meses, registrou agressões que foram comprovadas por exame do Instituto Médico Legal, que identificou diversas lesões. Schutz foi liberado em audiência de custódia, mas está proibido de se aproximar da mulher. Sua defesa afirma que ele coopera com a investigação.
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O que é o movimento red pill e por que ele preocupa especialistas
O termo red pill surgiu inspirado no universo do filme Matrix, mas se transformou em uma ideologia presente em comunidades digitais. Esses grupos afirmam “despertar” para uma suposta verdade sobre relações entre homens e mulheres, defendendo que a sociedade estaria “controlada” por ideias que favoreceriam as mulheres.

Especialistas alertam que, na prática, o movimento passou a se associar a discursos misóginos, incentivo à hierarquização entre os gêneros, hostilidade ao feminismo e deslegitimação de experiências femininas. O ambiente costuma reforçar rivalidade e comportamentos agressivos, além de naturalizar práticas abusivas em relacionamentos.
Por que as redes sociais amplificam a influência do red pill
A difusão desse conteúdo se fortaleceu principalmente em plataformas como YouTube, TikTok e Instagram, onde influenciadores propagam “métodos” para conquistar mulheres e recuperar suposto “poder masculino”. A linguagem direta, o uso de memes e a estética de autopoder tornam o discurso mais atrativo entre homens jovens.
Com uma audiência significativa — o canal de Schutz acumula mais de 1,5 milhão de visualizações — especialistas apontam que o impacto dessa retórica ultrapassa o online e influencia comportamentos offline. A normalização do controle, da violência simbólica e do desprezo pelas experiências femininas é vista como uma das principais preocupações.
Quem é Thiago Schutz e como ele se relaciona com o movimento
Thiago Schutz se apresenta como escritor, palestrante e mentor, oferecendo cursos e publicações sobre masculinidade e relacionamentos. Nas redes, ele se consolidou como um dos nomes mais conhecidos do red pill no Brasil, vendendo programas de “autoaperfeiçoamento” voltados ao público masculino.
Seus conteúdos, baseados em “recuperação de poder” e em dinâmicas de dominação nas relações, reforçam o tipo de discurso associado ao movimento e que, segundo especialistas, contribui para a perpetuação de estereótipos e comportamentos abusivos.
Caso reforça necessidade de educação e prevenção
A repercussão da denúncia contra Schutz trouxe novamente à tona discussões sobre educação não sexista, políticas públicas de prevenção à violência e combate à propagação de conteúdos que reforçam misoginia. Especialistas defendem que a responsabilização rápida e a ampliação do debate são essenciais para diminuir a influência de movimentos que distorcem a compreensão sobre igualdade de gênero.
A investigação do caso segue na Delegacia de Defesa da Mulher de Salto. Enquanto isso, o episódio reacende o alerta sobre o peso que discursos hostis às mulheres ganham nas redes — e como eles podem se refletir em situações concretas de violência.