A pesquisadora brasileira Lívia Schiavinato Eberlin desenvolveu uma ferramenta que pode alterar protocolos de diagnóstico em procedimentos cirúrgicos oncológicos. Trata-se da MasSpec Pen, conhecida como “caneta do câncer”. O dispositivo utiliza espectrometria de massa para indicar, em poucos segundos, se o tecido analisado apresenta características compatíveis com células tumorais.
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Lívia estudou Química na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Posteriormente, ingressou em programas de pós-graduação nos Estados Unidos, na Purdue University e em Stanford, onde se aprofundou em métodos de análise química. No período, observou que cirurgiões oncológicos lidam com dificuldades para delimitar a área exata de remoção de tumores durante intervenções. Em operações tradicionais, amostras de tecido seguem para avaliação externa e o resultado pode levar horas, fator que pode resultar em procedimentos adicionais em outra data.
A MasSpec Pen funciona por meio de uma gota de água liberada pela ponta do equipamento. A microgotícula entra em contato com a superfície do tecido e absorve moléculas. A partir disso, os dados são enviados para análise em um sistema de espectrometria de massa. A interpretação do perfil químico permite indicar se o material examinado tem características de tecido saudável ou de tecido com células cancerosas em cerca de dez segundos.
A tecnologia já obteve reconhecimento em pesquisas acadêmicas no exterior. A cientista recebeu prêmios em instituições norte-americanas e passou a ser convidada para apresentar dados de sua pesquisa em eventos científicos.
Equipes de universidades e hospitais brasileiros iniciaram estudos para avaliar o desempenho da MasSpec Pen em cirurgias no país. A expectativa é que o método seja validado em procedimentos voltados para diferentes tipos de tumores. Caso os protocolos sejam concluídos com êxito, o dispositivo pode ser aplicado no ambiente hospitalar nacional.
Lívia afirma que pretende evidenciar que mulheres brasileiras participam da produção científica e que resultados de pesquisa podem gerar mudanças na rotina de atendimento em saúde.
A “caneta do câncer” está prevista para novas etapas de estudo. Caso os testes avancem, existe a possibilidade de uso em salas cirúrgicas no Brasil.