CRIMES SEXUAIS

Prisão de Cássio Fala Pira: o que se sabe até agora

Por Da Redação |
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Vereador Cássio Fala Pira está em seu segundo mandato
Divulgação/Câmara Municipal
Divulgação/Câmara Municipal

A Polícia Civil prendeu na manhã desta quinta-feira (9) o vereador Cássio Luiz Barbosa (PL), conhecido como Cássio Fala Pira, em cumprimento a mandado de prisão temporária expedido pela Justiça. A medida ocorre no contexto de investigações sobre sete denúncias de crimes sexuais atribuídas ao parlamentar.

Além da residência do vereador, mandados de busca e apreensão também foram cumpridos em seu gabinete na Câmara Municipal e em um escritório particular.

O caso mais recente veio a público após duas mulheres procurarem, no dia 7 de outubro, a DDM (Delegacia de Defesa da Mulher) de Piracicaba para denunciar o vereador. Ele já era investigado por um suposto caso de importunação sexual, ocorrido no dia 22 de setembro, dentro do próprio gabinete parlamentar.

Cássio Fala Pira cumpre seu segundo mandato na Câmara Municipal. Ele foi reeleito em 2024 com 4.676 votos.  Ontem, a Câmara emitiu nota sobre a prisão. “A Casa de Leis informa que, desde o conhecimento dos fatos, tem prestado suporte irrestrito às autoridades competentes que conduzem as investigações, incluindo o fornecimento de informações e a cooperação necessária para o bom andamento dos trabalhos.

A presidência da Câmara está acompanhando de perto o desenrolar do caso, em contato permanente com a Procuradoria Legislativa da Casa, a fim de garantir que todas as medidas administrativas e regimentais cabíveis sejam tomadas e em estrita conformidade com a legislação vigente.”

O PL (Partido Liberal) ao qual o vereador é filiado também emitiu nota. ““O Diretório Municipal do Partido Liberal (PL) de Piracicaba vem a público manifestar-se diante das graves denúncias e investigações que envolvem o vereador Cássio Fala Pira, no Poder Legislativo Municipal. Reafirmamos nossa total confiança na Justiça, no trabalho sério da Polícia Civil e no devido processo legal, fundamentos essenciais para a completa elucidação dos fatos e a garantia da verdade e da justiça. Reconhecemos a gravidade das acusações e a importância de uma apuração rigorosa e imparcial. Confirmada a veracidade dos fatos após a ampla defesa, o Diretório Municipal adotará as medidas cabíveis no âmbito partidário, inclusive a abertura de processo disciplinar que poderá resultar na expulsão do parlamentar.”

O que diz a defesa 
Os advogados Jonas Parisotto e Osmir Bertazoni atuam na defesa do vereador.

“Os relatos apresentados por supostas “vítimas”, carecem de verossimilhança e não encontram respaldo nas frágeis acusações produzidas em redes sociais que se consubstanciam, em cancelamento e linchamento virtuais, violando a honra e a imagem do vereador, do cidadão e do pai Cássio Luiz Barbosa. Releva notar, que a autoridade policial que preside o inquérito na Delegacia de Defesa da Mulher e que redundou na precoce representação de prisão temporária junto ao Poder Judiciário, sequer teve o cuidado e a prudência de convocar o Vereador Cássio, para dar-lhe a oportunidade de esclarecer os supostos fatos e acusações vindo, em maioria, de usuários da internet, que se colocam como juízes e, ao mesmo tempo, se enxergam como carrascos, promovendo o linchamento virtual, tendo em vista que o espaço virtual lhes dá esse poder, sem que nenhuma penalidade lhes sejam impostas. Ressalta-se que o Vereador Cássio Luiz Barbosa, assim como qualquer cidadão brasileiro, possui o direito constitucional à presunção de inocência, à ampla defesa e ao contraditório e do devido processo legal, diante do princípio da dignidade da pessoa humana. A prisão, ainda que temporária, no entendimento da Defesa, é medida excepcional, diante do princípio da dignidade da pessoa humana, de qualquer forma, reitera, nesta oportunidade, a sua confiança na Justiça e reafirma que, ao final do processo, sua inocência será comprovada”, diz  a nota enviada ao JP. 


O que dizem as denunciantes; vereador pede licença do cargo até dezembro


As investigações que resultaram na prisão do vereador tiveram início no fim de setembro, quando uma mulher procurou a Polícia Civil para relatar ter sido vítima de assédio dentro do gabinete do parlamentar, no dia 22 daquele mês. De acordo com o depoimento, ela havia buscado o vereador em busca de ajuda para conseguir um emprego e, durante o encontro, ele teria feito avanços físicos e tentado forçar contato.

Após o primeiro registro, outras seis mulheres procuraram a DDM e apresentaram relatos semelhantes. Uma das vítimas afirmou, em entrevista à EPTV, ter sido abordada em duas ocasiões diferentes. No primeiro episódio, ocorrido em 2024, ela contou que o vereador a chamou para buscar uma cesta básica e, ao entrar no carro dele, foi levada até uma estrada de terra, onde, segundo seu relato, ele tentou manter relação sexual contra sua vontade. O segundo caso teria ocorrido dentro da própria Câmara Municipal..

Outra jovem, que tinha 19 anos na época, relatou que uma conversa sobre uma oportunidade de trabalho acabou se transformando em uma situação de medo e constrangimento. Já uma terceira mulher contou que desistiu de procurar o vereador para pedir auxílio ao filho autista após perceber comportamentos que considerou inadequados.

Vereador pede licença
O vereador encaminhou ofício à Câmara Municipal pedindo licença do cargo até 16 dezembro.

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