O Brasil corre para conter uma onda de envenenamentos por metanol. Com 225 notificações suspeitas e 15 óbitos em análise, o Ministério da Saúde obteve neste fim de semana a liberação de emergência para importar 2,6 mil frascos de Fomepizol, principal antídoto para o problema e inexistente no mercado nacional.
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A autorização foi concedida pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) no domingo (5), menos de 24 horas depois de o ministério protocolar o pedido. O lote – 2,5 mil unidades adquiridas pelo governo e 100 doadas pelo fabricante japonês – será despachado pela Organização Pan-Americana da Saúde (Opas) e deve desembarcar no País nos próximos dias.
Casos espalhados
São Paulo concentra o maior número de ocorrências, com 178 investigações e 14 confirmações. Outros 12 estados também registraram alertas: Distrito Federal, Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Pernambuco, Paraná, Rondônia, Ceará, Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro, Piauí e Paraíba. Suspeitas na Bahia e no Espírito Santo foram descartadas.
Das 15 possíveis mortes, duas já tiveram laudo positivo para intoxicação em solo paulista; as demais seguem em análise – sete em São Paulo, três em Pernambuco, uma em Mato Grosso do Sul, uma na Paraíba e outra no Ceará.
Estratégia do governo
Além do Fomepizol, o ministério distribuiu mais de 16 mil ampolas de etanol farmacêutico, tratamento alternativo recomendado em protocolos internacionais. Uma sala de situação monitora, em tempo real, a evolução dos casos e orienta secretarias estaduais.
Enquanto o estoque emergencial não chega aos hospitais, a recomendação do ministro da Saúde, Alexandre Padilha, é clara: evitar o consumo de destilados, sobretudo os comercializados em garrafas com tampa de rosca e sem procedência comprovada.
O que é o Fomepizol?
Produzido no Japão, o medicamento bloqueia a metabolização tóxica do metanol, reduzindo rapidamente o risco de cegueira, falência renal e morte. Usado em dose intravenosa, precisa ser administrado nas primeiras horas após a ingestão da substância.
Próximos passos
Com o aumento das notificações, a Anvisa estuda agilizar novas importações caso a demanda cresça. Paralelamente, os governos estaduais intensificam fiscalizações em fábricas clandestinas e pontos de venda suspeitos.
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