Nos últimos meses, tem crescido um costume curioso entre adultos: o uso de chupetas como estratégia para lidar com ansiedade, estresse e até para substituir o cigarro. Os produtos, feitos em silicone ou borracha, são vendidos em diferentes tamanhos e cores, com preços que variam de alguns reais até valores mais altos em versões diferenciadas.
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Muitos usuários relatam nas redes sociais que encontram no objeto uma sensação de acolhimento e calma, semelhante à que sentiam na infância. Outros afirmam que a chupeta ajuda a relaxar, melhora o sono ou auxilia na concentração durante tarefas do dia a dia.
Embora os relatos apontem para um efeito de conforto imediato, profissionais da saúde alertam que o hábito funciona apenas como um paliativo. Ou seja, reduz a tensão momentaneamente, mas não atua sobre as causas emocionais do estresse ou da ansiedade, podendo até trazer prejuízos quando utilizado em excesso.
Em entrevista ao Jornal de Piracicaba, a psicóloga Caroline Peixe Munhoz explicou que, dentro da Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC), abordagem na qual trabalha há 8 anos, o uso da chupeta por adultos pode ser entendido como um recurso de autorregulação. “É uma forma que a pessoa encontra para lidar com a ansiedade e o estresse, e essa escolha pode ser compreendida em conjunto com o paciente durante o processo psicoterapêutico”, destacou.
Segundo Caroline, o movimento repetitivo da sucção tem potencial para ativar o sistema parassimpático — responsável por induzir o estado de repouso e saciedade no cérebro — e, assim, reduzir tensões. “Por ser um objeto acessível, ele gera um alívio rápido. Mas não é uma solução definitiva, já que não substitui a psicoterapia nem práticas saudáveis, como a atividade física”, afirmou.
A psicóloga também reforça que a ansiedade pode ter origens diversas, como pressões do cotidiano ou quadros mais complexos que pedem acompanhamento clínico. Por isso, recorrer apenas a objetos de alívio momentâneo tende a adiar o enfrentamento das causas reais do sofrimento.
Além dos aspectos emocionais, especialistas em odontologia apontam que o uso prolongado pode causar problemas físicos, como retrações gengivais, desgaste nos dentes, alterações na mordida e até disfunções na articulação temporomandibular (ATM). Essas complicações exigem acompanhamento profissional e podem demandar tratamentos mais complexos em adultos.
A recomendação dos profissionais é que, diante de sinais persistentes de ansiedade ou estresse, o caminho mais seguro seja buscar suporte psicológico ou terapias validadas cientificamente, em vez de recorrer apenas a mecanismos paliativos.