ADULTOS DE CHUPETA

Chupeta não substitui terapia, alertam psicólogos

Por Bia Xavier - JP |
| Tempo de leitura: 2 min
Reprodução/Redes Sociais
Chupeta pode acalmar, mas não trata as causas da ansiedade.
Chupeta pode acalmar, mas não trata as causas da ansiedade.

Nos últimos meses, tem crescido um costume curioso entre adultos: o uso de chupetas como estratégia para lidar com ansiedade, estresse e até para substituir o cigarro. Os produtos, feitos em silicone ou borracha, são vendidos em diferentes tamanhos e cores, com preços que variam de alguns reais até valores mais altos em versões diferenciadas.

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Muitos usuários relatam nas redes sociais que encontram no objeto uma sensação de acolhimento e calma, semelhante à que sentiam na infância. Outros afirmam que a chupeta ajuda a relaxar, melhora o sono ou auxilia na concentração durante tarefas do dia a dia.

Embora os relatos apontem para um efeito de conforto imediato, profissionais da saúde alertam que o hábito funciona apenas como um paliativo. Ou seja, reduz a tensão momentaneamente, mas não atua sobre as causas emocionais do estresse ou da ansiedade, podendo até trazer prejuízos quando utilizado em excesso.

Em entrevista ao Jornal de Piracicaba, a psicóloga Caroline Peixe Munhoz explicou que, dentro da Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC), abordagem na qual trabalha há 8 anos, o uso da chupeta por adultos pode ser entendido como um recurso de autorregulação. “É uma forma que a pessoa encontra para lidar com a ansiedade e o estresse, e essa escolha pode ser compreendida em conjunto com o paciente durante o processo psicoterapêutico”, destacou.

Segundo Caroline, o movimento repetitivo da sucção tem potencial para ativar o sistema parassimpático — responsável por induzir o estado de repouso e saciedade no cérebro — e, assim, reduzir tensões. “Por ser um objeto acessível, ele gera um alívio rápido. Mas não é uma solução definitiva, já que não substitui a psicoterapia nem práticas saudáveis, como a atividade física”, afirmou.

A psicóloga também reforça que a ansiedade pode ter origens diversas, como pressões do cotidiano ou quadros mais complexos que pedem acompanhamento clínico. Por isso, recorrer apenas a objetos de alívio momentâneo tende a adiar o enfrentamento das causas reais do sofrimento.

Além dos aspectos emocionais, especialistas em odontologia apontam que o uso prolongado pode causar problemas físicos, como retrações gengivais, desgaste nos dentes, alterações na mordida e até disfunções na articulação temporomandibular (ATM). Essas complicações exigem acompanhamento profissional e podem demandar tratamentos mais complexos em adultos.

A recomendação dos profissionais é que, diante de sinais persistentes de ansiedade ou estresse, o caminho mais seguro seja buscar suporte psicológico ou terapias validadas cientificamente, em vez de recorrer apenas a mecanismos paliativos.

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