PREJUÍZO

Piracicaba é a cidade mais afetada do país por tarifaço de Trump

Por Bia Xavier - JP |
| Tempo de leitura: 3 min
Foto: REUTERS/Leah Millis
Tarifaço de Trump atinge em cheio exportações de Piracicaba, líder em máquinas agrícolas. Cidade é a mais prejudicada do Brasil com medida dos EUA.
Tarifaço de Trump atinge em cheio exportações de Piracicaba, líder em máquinas agrícolas. Cidade é a mais prejudicada do Brasil com medida dos EUA.

A tarifa de importação de 50% imposta pelos Estados Unidos sobre produtos brasileiros começou a valer nesta quarta-feira (6), gerando forte impacto na balança comercial de centenas de cidades brasileiras. Segundo levantamento do jornal O Estado de S.Paulo, São Paulo concentra os maiores prejuízos, e Piracicaba lidera o ranking como o município mais afetado em todo o País.

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O novo tarifaço — resultado de uma sobretaxa de 40% somada aos 10% já existentes — atinge diretamente 906 municípios exportadores. Embora alguns produtos tenham sido poupados por exceção, como suco de laranja, celulose e aeronaves da Embraer, diversos itens-chave da economia paulista entraram na mira, entre eles carnes, cafés e pescados.

Piracicaba é o epicentro do impacto

Piracicaba, referência nacional na produção de máquinas agrícolas, sofre o maior baque com a nova medida. As exportações da cidade para o mercado norte-americano somam aproximadamente US$ 1,3 bilhão — valor que agora está sob pressão com a alta da tarifa. A cidade comercializa principalmente máquinas, caldeiras e equipamentos mecânicos, todos afetados pela nova taxação.

Logo atrás aparece Matão, com exportações no valor de US$ 519,7 milhões, baseadas majoritariamente em preparações de frutas e produtos hortícolas. A cidade, tradicional no setor de alimentos processados, terá que buscar alternativas para manter a competitividade diante da elevação de custos. A capital paulista aparece em terceiro lugar, com um impacto estimado de US$ 350,9 milhões. Guarulhos, outro polo industrial de destaque, está entre os cinco mais afetados, com perdas potenciais de US$ 308,8 milhões, sobretudo na exportação de máquinas e equipamentos.

Outros municípios que também sentirão o impacto incluem: Colina – US$ 328,5 milhões em exportações de produtos alimentícios processados; Pederneiras – US$ 249 milhões em veículos e autopeças; Araraquara – US$ 248,6 milhões em alimentos processados; Suzano – US$ 194,6 milhões em maquinários; Jundiaí – US$ 187,1 milhões em equipamentos elétricos e eletrônicos; e Lins – US$ 182,3 milhões em derivados de carne e pescados.

Tarifaço mira setores estratégicos

O estudo considerou os 30 produtos mais exportados pelo Brasil aos EUA em 2024, priorizando os segmentos afetados pela sobretaxa decretada pelo presidente Donald Trump no último dia 30. Apesar das exceções, a medida abrange setores cruciais da economia paulista, como o agroindustrial e o de bens de capital.

Importante destacar que, dentro dos segmentos atingidos, há variações técnicas que podem isentar certos produtos — por isso, o levantamento do Estadão, baseado em dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), é estimativo e não definitivo. Além disso, itens já taxados por regras globais, como aço, alumínio e madeira (Seção 232), não entraram na conta.

Perspectivas e preocupações

Especialistas alertam para o risco de retração nas exportações e prejuízo à competitividade brasileira. Empresas paulistas podem enfrentar dificuldades para manter contratos com compradores norte-americanos, que já consideram fornecedores alternativos em mercados com tarifas mais amigáveis.

Com a economia global em constante transformação, municípios como Piracicaba precisarão encontrar soluções para mitigar os efeitos do tarifaço — seja pela diversificação de mercados, renegociação de contratos ou ganho de eficiência.

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