
Um estudo realizado na Tanzânia sugere que alimentos tradicionais de diversas culturas africanas podem ter efeitos benéficos no sistema imunológico. Publicada na revista Nature, a pesquisa investigou a relação entre os hábitos alimentares e a disseminação de doenças na região.
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Os cientistas analisaram o perfil imunológico de 77 jovens com idades entre 20 e 30 anos, divididos em três grupos. O primeiro grupo manteve uma dieta tradicional, enquanto o segundo adotou uma dieta ocidental. O terceiro grupo foi orientado a consumir a mbege, uma bebida fermentada de banana típica da Tanzânia, por uma semana.
Os resultados
Os resultados indicaram que os participantes que seguiram a dieta ocidental apresentaram aumento nos marcadores inflamatórios no sangue e uma resposta imunológica mais fraca, além de ganho de peso. Em contraste, aqueles que mantiveram a dieta tradicional, composta por alimentos como banana-da-terra, feijão, vegetais verdes e arroz integral, demonstraram uma redução na inflamação e nos marcadores metabólicos associados a doenças crônicas.
De acordo com Quirijn de Mast, um dos autores da pesquisa, as pessoas que seguiram um estilo de vida mais tradicional, em áreas rurais, mostraram um perfil imunológico mais robusto, com maior presença de proteínas anti-inflamatórias no organismo. A inflamação crônica está ligada ao desenvolvimento de doenças como artrite reumatoide e Alzheimer.
O que dizem os pesquisadores
O estudo também revelou que o consumo de mbege melhorou os marcadores de inflamação, sugerindo que até pequenas alterações na dieta podem impactar positivamente a saúde.
Os pesquisadores afirmam que as dietas tradicionais africanas, embora pouco documentadas em comparação com as dietas mediterrânea e nórdica, merecem maior reconhecimento e inclusão nas diretrizes nutricionais globais. O estudo reforça a importância de considerar os benefícios das alimentações regionais no fortalecimento do sistema imunológico.