O projeto de boxe capitaneado pelo professor Marlon Pedroso vem dando muitos frutos na região do Cecap, zona leste da cidade. A escolinha existe há um bom tempo, desde a época do saudoso técnico Júlio Pedroso, mas vem sendo revitalizada desde setembro do ano passado e atualmente tem seus treinos realizados em um galpão anexo ao campo do Cecap.
Cerca de 40 crianças e adolescentes estão inscritos no projeto e as aulas, além do professor Marlon Pedroso, são ministradas também pela esposa dele, Juliana de Morais, e pelo auxiliar-técnico Marcos Costa "Markola”.
“Hoje estamos recomeçando neste novo espaço e é um sonho meu desde criança, tendo em vista que é o bairro onde cresci e onde tive muitos nocautes da vida. Mas onde aprendi que tudo serve de aprendizado e aprendi a superar e vencer os obstáculos”, contou Marlon.
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“Então, nada mais justo em obedecer a vontade do meu coração e voltar ao bairro onde passei a maior parte da minha vida e ajudar àqueles que mais precisam com a inclusão social através do esporte. Hoje, me sinto preparado e na obrigação de dar uma direção para essas crianças que estão em fase de descobrimento do sentido da vida”, completou o professor.
As aulas acontecem às terças e quintas-feiras, das 18h às 19h, para as crianças de 6 a 12 anos. E para a faixa etária acima de 13 anos e adultos, as aulas são das 19h às 20h, também às terças e quintas. O projeto fica na rua Ibraim Nobre, Cecap 2 - na antiga rua 16, no galpão anexo ao campo. O horário de atendimento ao público é das 15h30 às 21h.
UNIÃO
O processo de revitalização do galpão contou com a participação decisiva da comunidade, que “abraçou” a ideia, juntamente com o pessoal do boxe e com a diretoria do time de futebol "Grêmio Cecap", que também está instalado no mesmo lugar.
O lugar, diz Marlon, estava totalmente abandonado antes deles chegarem. “Aí, tomamos a iniciativa junto aos moradores de boa-fé e a diretoria do Grêmio Cecap e fizemos uma expressiva limpeza. Pintamos, removemos os lixos, entulhos etc. E a Academia Top Boxe – de propriedade do próprio Marlon - doou equipamentos como saco de pancada, pulching ball, teto solo, cordas de pulas, etc”, enumerou.
Apesar dos esforços, ainda falta muito a ser feito: “Precisamos de um bebedouro, vestiários iluminação, e troca do telhado”, disse Marlon, esperando que empresários possam ajudar em dinheiro ou em material.
Com quase tudo arrumado, o projeto pôde recomeçar no bairro e o local tornou-se um espaço para as famílias frequentarem. O espaço ainda é compartilhado com a capoeira, com o mestre Gabriel, e aos sábados há jogos das ligas de futebol de Piracicaba.
Além disso, foi colocada no galpão uma cantina para o atendimento do público junto à diretoria do Grêmio Cecap. Tudo isso, segundo Marlon, só foi possível com o auxílio de um grupo voluntários, que se uniu para fazer do local um ambiente poliesportivo para atender a comunidade.
Vale lembrar que também existe um projeto de escolinha de futebol, do professor Paiva, inteiramente gratuito e que atende mais de 130 crianças. “Essa união fez esse ambiente se tornar favorável para todas as crianças, pais e pessoas que queiram passar um sábado ou um domingo especial sem problemas com o uso de drogas no local e nenhum tipo de violência”, contou Marlon.
INCLUSÃO
Entre as cerca de 40 crianças e adolescentes estão inscritos no projeto de boxe do Cecap, são atendidas crianças especiais e em recuperação de problemas de saúde, informa Marlon Pedroso.
“Hoje atendemos crianças com autismo, pessoas com problemas de triglicérides alto, colesterol, pressão alta e estamos conseguindo um resultado muito positivo com esses pais e mães, que nos procuram; e até mesmo adultos com problemas de saúde”, revelou o professor.
Para Marlon, a prática esportiva - e, em especial, a Nobre Arte - é um canal importantíssimo e fundamental para a recuperação da saúde de todos que se dispõem a investir na saúde. “São as histórias que me fazem pensar a importância de nosso papel em ser protagonistas em ações voluntárias e tão humanas para uma sociedade”, emendou.
MUITOS ANOS
A disposição por tocar projetos sociais vem de muito tempo. Antes de ter esse espaço, Marlon e seu pai, Julio Pedroso, pegavam o material e treinavam as crianças nas áreas verdes no bairro. Além disso, ainda havia a prática da Nobre Arte no XV de Novembro, na época de ouro do boxe piracicabano, com o auxílio da Prefeitura Municipal e com aulas gratuitas.
Desse trabalho, saíram alguns lutadores que brilharam em âmbito nacional, com destaque para o atleta Agnaldo Nunes Magalhães, que participou de duas olimpíadas (Atlanta/1996 e Sidney/2000). Magalhães se tornou ainda atleta profissional - foi duas vezes campeão norte-americano e campeão continental dentro do território americano.
O projeto de inclusão, que se estendeu para a Paulista, Paulicéia, Esplanada, Bairro Verde e Higienópolis, teve de parar durante a pandemia, em 2020, e agora vem sendo retomado aos poucos.
Para isso, Marlon espera fazer parcerias com os setores público e privado. “Esperamos em breve receber o apoio da Secretaria de Esporte de Piracicaba, com o novo secretário. Sabemos que teremos boas notícias vindas dessa nova equipe, que fará a gestão do esporte nos próximos 4 anos”, declarou Marlon.
