
O Brasil se consolidou como uma das maiores potências do agronegócio global, ocupando uma posição privilegiada nas relações comerciais internacionais. Neste ano, porém, as tarifas anunciadas pelo presidente norte-americano Donald Trump para diversos setores da economia têm dominado a pauta e traz preocupação para praticamente todos os segmentos do mercado mundial.
Ainda assim, o agronegócio nacional tem fatores a seu favor que o tornam menos volúvel ao cenário internacional. Na quarta-feira (12), o professor sênior da Esalq/USP (Escola Superior de Agricutura Luiz de Queiroz), José Otávio Menten, ministrou a palestra O agronegócio, o Brasil e Piracicaba, no auditório da Acipi (Associação Comercial e Industrial de Piracicab), durante a reunião do Conselho Coordenador das Entidades Civis, de Piracicaba.
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Ao Jornal de Piracicaba, o professor fez uma análise da situação atual da economia e o quanto as medidas tarifárias norte-americanas podem afetar o agronegócio brasileiro. Ele destacou que, apesar de recentes tensões comerciais, como as ameaças de taxação do etanol, a tendência é que os ajustes sejam feitos. “O comércio internacional deve estar acima de qualquer divergência ideológica ou política”, pondera.
De acordo com Menten, apenas 8% das exportações brasileiras têm como destino os Estados Unidos. “E importamos muito pouco do agronegócio americano. Isso nos coloca em uma posição estratégica, que permite uma margem de negociação favorável. Na verdade, os Estados Unidos precisam muito mais do agronegócio brasileiro do que o Brasil precisa dos produtos do agronegócio norte-americanos”, analisou.
Os dados apresentados por Menten reforçam a importância do setor para a economia nacional. Atualmente, o agronegócio representa 24% do PIB do Brasil, sendo responsável por 27% dos empregos gerados no país e por 49% das exportações. Além disso, é o principal fator para o saldo positivo da balança comercial brasileira.
REAÇÃO - Nesta sexta-feira (14) o presidente Luiz Inácio Lula da Silva reafirmou, que o Brasil vai aplicar o princípio da reciprocidade caso o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, cumpra com a promessa de elevar as tarifas de importação do país. “Eu ouvi dizer que vai taxar o aço brasileiro. Se taxar o aço brasileiro, nós vamos reagir comercialmente ou vamos denunciar a Organização [Mundial] do Comércio [OMC] ou vamos taxar os produtos que a gente importa deles”, disse em entrevista para a Rádio Clube do Pará, em Belém (PA).
“Sinceramente, não vejo nenhuma razão para o Brasil procurar contencioso com quem não precisa. Agora, se tiver alguma atitude com o Brasil, haverá reciprocidade. Não tem dúvida, haverá reciprocidade do Brasil em qualquer atitude que tiver contra o Brasil”, reforçou o presidente.
Trump vem prometendo aplicar tarifas abrangentes a diversos países com superávit comercial com os Estados Unidos, como a China, e até a parceiros mais próximos como México e Canadá. Ele também anunciou uma taxação de 25% sobre as importações de aço e alumínio, cancelando isenções e cotas isentas de impostos para os principais fornecedores, entre eles o Brasil.