PERIGO OCULTO

Relatório do Idec aponta produtos com substâncias cancerígenas

Por Da Redação | Jornal de Piracicaba |
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Estudo analisou 24 produtos alimentícios ultraprocessados de diferentes categorias, com grande repercussão nas redes sociais.
Estudo analisou 24 produtos alimentícios ultraprocessados de diferentes categorias, com grande repercussão nas redes sociais.

O consumo de alimentos ultraprocessados é cada vez mais debatido entre aqueles que buscam uma vida saudável. E os alertas sobre seus malefícios ganham força com a mais recente pesquisa do Instituto de Defesa do Consumidor (Idec), que identificou a presença alarmante de agrotóxicos em uma variedade de produtos, incluindo substâncias associadas ao risco de câncer. O estudo, intitulado "Tem Veneno Nesse Pacote", foi realizado em maio do ano passado e analisou 24 produtos alimentícios ultraprocessados de diferentes categorias, com grande repercussão nas redes sociais.

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O levantamento do Idec tem uma abrangência única, capaz de detectar resíduos de até 563 tipos diferentes de agrotóxicos. Os produtos mais impactados pela presença desses agrotóxicos foram o biscoito maisena Marilan e o biscoito maisena Triunfo, com quatro tipos diferentes encontrados em cada amostra. Outros alimentos com níveis elevados de resíduos de agrotóxicos incluem hambúrgueres e empanados à base de plantas (como os das marcas Sadia e Seara), além de macarrão instantâneo (Nissin e Renata) e bolos prontos de chocolate (Ana Maria).

Um dos resultados mais alarmantes do estudo foi a detecção de glifosato, um herbicida amplamente utilizado, em sete das 24 amostras testadas. De acordo com a Agência Internacional para Pesquisa sobre Câncer (IARC), ligada à Organização Mundial da Saúde (OMS), o glifosato é considerado “provavelmente carcinogênico”.

Contudo, a pesquisa também revelou que, entre os produtos analisados, a sobremesa petit-suisse sabor morango foi a única a não apresentar qualquer resíduo de agrotóxicos. A farinha de trigo, comumente usada em biscoitos e massas instantâneas, continua a ser um dos ingredientes mais contaminados por agrotóxicos, conforme evidenciado pelo volume 2 do estudo "Tem Veneno Nesse Pacote".

Após a divulgação dos resultados, o Idec enviou notificações a todas as empresas responsáveis pelos produtos com resíduos detectados. A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) também foi informada sobre as conclusões do estudo, com o intuito de reforçar a importância de regulamentações mais rigorosas para proteger a saúde pública.
Diante das conclusões do Idec, várias marcas e empresas foram rápidas em se posicionar, fornecendo esclarecimentos sobre seus produtos e garantindo que cumprem as normas de qualidade e segurança alimentares.

A Selmi informou que é realizada, de forma permanente e contínua, a análise e monitoramento das farinhas utilizadas em nossa produção, não havendo nenhum registro de qualquer tipo de inconformidade ou de resultados fora dos parâmetros de segurança previstos nas normas. Além disso, todos os fornecedores passam por homologação onde são avaliados requisitos legais, de qualidade e sustentabilidade e avaliação de desempenho.

A Fazenda Futuro esclareceu que prontamente forneceu toda a documentação solicitada pelo IDEC referente aos produtos mencionados no relatório, incluindo o hambúrguer de carne vegetal e o 'Tiras de Frango Vegetal - Futuro Frango', que foi erroneamente citado como 'hambúrguer de carne vegetal sabor frango.

A BRF destacou que a produção dos produtos citados é devidamente fiscalizada por órgãos competentes, como a Anvisa e o MAPA, que utilizam padrões internacionais de pesquisa para detecção de resíduos de defensivos agrícolas, eventualmente utilizados pelos produtores de insumos. Reiteramos que os níveis apontados pelo IDEC em nossos produtos estão abaixo dos previstos em legislação. A Companhia ressalta que aplica internamente processos rigorosos de qualidade que atendem integralmente à regulamentação da própria Anvisa e do MAPA e são reconhecidos por diversos organismos de controle. A empresa informa, também, que respondeu a todos os questionamentos levantados pelo IDEC.

A Nissan Foods do Brasil Mtda disse que atende a toda a legislação vigente e boas práticas aplicáveis sobre o tema.

A Bagley do Brasil Ltda esclareceu que segue padrões rigorosos e atende todas as normas e legislações vigentes de órgãos reguladores de alimentos em todo o seu processo de fabricação, de acordo com os requisitos sanitários específicos de cada categoria.

O Grupo Marilan salientou que é uma empresa comprometida com a qualidade dos seus produtos, atuando sempre em prol da saúde, segurança e bem-estar dos consumidores. A Aurora Coop, responsável pela marca Aurora informa que, conforme já respondeu ao IDEC, não produziu o produto Presunto Cozido Aurora no lote alvo da referida notificação e que não teve acesso ao relatório de ensaio da análise realizada. Por fim, declara que possui o controle de toda a cadeia produtiva e reforça seu compromisso com a qualidade e segurança dos produtos comercializados, bem como o atendimento às legislações.

O Grupo Piracanjuba disse que prestou todos os esclarecimentos necessários aos órgãos competentes.

A Bimbo Brasil, detentora da marca Ana Maria, reiterou sua idoneidade no cumprimento da legislação em todo o processo de produção e cuidado com a qualidade dos seus produtos.

Já a Seara enalteceu que a qualidade e segurança dos alimentos são premissas da marca e que os seus produtos, incluindo o produto empanado de carne vegetal sabor frango, citado no teste, respeitam os parâmetros para itens alimentares regulamentados pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) e pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA).

A Panco informou que sempre teve sua atuação pautada pela conduta ética e compromisso com a qualidade de seus produtos, bem como com a saúde e segurança de todos os seus públicos. A companhia disse que atesta a adoção de práticas totalmente alinhadas aos mais rigorosos padrões de mercado e o cumprimento de todas as normas e legislações específicas vigentes para a produção de alimentos. Para assegurar esses padrões, a companhia possui rígidos controles de qualidade (internos e envolvendo fornecedores externos), além de estabelecer mecanismos criteriosos de homologação de seus fornecedores de matérias-primas.

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