MOTIVAÇÃO

Atleta PCD supera a depressão e se torna fonte de inspiração

Por Reinaldo Diniz | Jornal de Piracicaba |
| Tempo de leitura: 3 min
Will Baldine/JP
“Vivemos por motivação', relata atleta.
“Vivemos por motivação', relata atleta.

Aos 49 anos, a piracicabana Ana Cristina Hanada é mais do que uma atleta. Diagnosticada com glaucoma, uma doença nos olhos que pode levar à perda progressiva da visão, ela se tornou um exemplo de força, determinação e superação. Participante de corrida de rua, Ana Cristina prova que as limitações não a impedem de ultrapassar barreiras e inspirar outras pessoas.

Veja mais: 

A atleta foi diagnosticada com a doença aos 30 anos e a confirmação foi um baque, que desencadeou um sério quadro de depressão. Passados dez anos do diagnóstico a paixão pelas corridas começou. Inspirada por amigos que participavam da modalidade, ela percebeu que o esporte poderia ser uma ferramenta para dar uma reviravolta nas dificuldades que enfrentava. “Vivemos por motivação. Ouvi depoimentos de participantes de corridas que tiveram aumento na qualidade de vida após começarem a correr ou a praticarem outras atividades físicas”, comenta.

No começo, a baixa visão trouxe desafios, como se adaptar aos percursos. “Precisei tomar mais cuidado e ouvir as recomendações dos que já praticavam as atividades para evitar lesões e quedas. Como na maioria das coisas da vida, eu tive dificuldades, mas com o tempo consegui ter mais confiança e experiência”, relata Ana. Sobre a rotina de treinos, ela destaca que é composta por três pilares principais: a prática de exercícios, em parques públicos de Piracicaba, uma alimentação saudável e a garantia de uma boa noite de sono, com pelo menos 6h diárias de descanso. “Eu treino sozinha e às vezes em grupo. Procuro não forçar na carga de treinos para não ter lesões por excesso de esforço”, destaca.

Atualmente, a atleta participa de provas em Piracicaba e em São Paulo, sendo a última na capital paulista durante a 99ª Corrida Internacional de São Silvestre, que reuniu cerca de 37.500 participantes. Para Ana, cruzar a linha de chegada representa uma vitória pessoal e a superação de seus próprios limites. “Esforço, determinação e força de vontade são partes essenciais da atividade, além da motivação pessoal. E acredito que é de suma importância o apoio para a prática esportiva para pessoas com deficiência. Esse apoio nos insere na sociedade e gera uma sensação de pertencimento”, expressa a atleta.

Ela enfatiza a importância de promover a inclusão nos eventos esportivos e destaca a necessidade de opções específicas para atletas PCD (pessoas com deficiência) já no momento da inscrição. Segundo ela, nem todas as organizações oferecem essa possibilidade.

Ao ser questionada sobre a quantidade de medalhas conquistadas, Ana Cristina admite que perdeu a conta: “Foram várias”, responde. “Independente de qualquer limitação física, se acreditarmos em nós mesmos, podemos praticar atividades físicas e buscar a maior independência possível. Em qualquer lugar, sempre haverá pessoas que nos motivam e outras que tentam nos desanimar, mas o que realmente importa é ser feliz e seguir em frente com nossos objetivos”, expressa Ana Cristina. Diante a inspiração para outras pessoas, ela ainda tem sonhos para realizar. “Quero ser maratonista e também pular de paraquedas”, revela com um largo sorriso, que permaneceu em seu rosto durante toda a entrevista concedida à reportagem do Jornal de Piracicaba.

Comentários

Comentários