CHAT GPT

‘Escárnio’: Bebel critica governo por querer usar IA para elaborar materiais didáticos

Projeto da Seduc quer utilizar o Chat GPT para atualização e aprimoramento de materiais didáticos

Por Roberto Gardinalli | 17/04/2024 | Tempo de leitura: 3 min
roberto.gardinalli@jpjornal.com.br

Divulgação/Alesp

A deputada estadual Professora Bebel (PT), que ocupa o cargo de segunda presidente da Apeoesp (Sindicato Estadual dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo), usou as redes sociais para criticar a medida do governo Tarcísio de Freitas (Republicanos), que quer utilizar ferramentas de IA (inteligência artificial) como o Chat GPT para a elaboração de materiais didáticos digitais da rede estadual. O uso da IA foi divulgado pelo jornal Folha de S. Paulo ontem (17).

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Segundo a publicação, a ferramenta seria responsável pela atualização do conteúdo, enquanto os professores curriculistas, que são especialistas na elaboração do material didático, ficariam responsáveis apenas pela conferência do material e das aulas geradas pela IA. Ainda segundo a publicação, o Chat GPT será usado para a atualização e aprimoramento das aulas digitais dos últimos do Ensino Fundamental e do Ensino Médio. Nas redes sociais, Bebel chamou o projeto do governo do Estado de “escárnio sem precedentes”, que “representa um novo e grave patamar de precarização dos profissionais da Educação e um ataque aos direitos dos estudantes”. “A notícia de que a Seduc (Secretaria Estadual de Educação) irá utilizar o Chat GPT para produzir aulas digitais podia muito bem ter saído em 1º de abril - dia da mentira - só que não. A substituição de professores por robôs guiados por inteligência artificial (IA) é um escárnio sem precedentes e representa um novo e grave patamar de precarização dos profissionais da Educação e um ataque aos direitos dos estudantes”, citou a deputada.

Bebel afirmou, ainda, que a decisão é “irresponsável” e representa um “equívoco sem precedentes”. “Sozinha, a IA comete erros infantis e faz associações equivocadas de informações. O volume de conteúdo que ela produzirá invariavelmente conterá muitos erros. Colocar os professores como auxiliares dela, e não o contrário, importará em desperdício de horas de trabalho, com possibilidade de erros serem mantidos, em prejuízo do processo pedagógico e dos profissionais responsáveis. E, certamente, resultará em demissões”, afirmou. “A inteligência artificial deve ser uma ferramenta pedagógica, inserida em longo e refletido planejamento, para potencializar as estratégias de ensino e aprendizagem. Nunca, jamais, como forma de substituir professores”, finalizou.

Em nota, a Seduc rebateu as afirmações de Bebel e afirmou que a ferramenta não vai substituir os professores. “Não procede a informação que os professores serão substituídos por Chat GPT ou por qualquer outra ferramenta de Inteligência Artificial (IA). A Secretaria da Educação do Estado de São Paulo (Seduc-SP) planeja implementar um projeto-piloto para incluir a IA como uma das etapas do processo de atualização e aprimoramento de aulas do terceiro bimestre dos Anos Finais do Ensino Fundamental e do Ensino Médio”, cita a nota.

Ainda de acordo com a Seduc, a inteligência artificial vai aprimorar as aulas já produzidas pelos professores curriculistas e que já estão em uso com novas informações e atualizações de conteúdo e propostas de atividades. “Esse conteúdo será avaliado e editado por professores curriculistas em duas etapas diferentes, além de passar por revisão de direitos autorais e intervenções de design. Por fim, se essa aula estiver de acordo com os padrões pedagógicos, será disponibilizada como versão atualizada das aulas feitas em 2023”, completou a nota da Seduc. Atualmente, segundo o governo do estado, a Secretaria de Educação possui uma equipe de 90 professores curriculistas.

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