TEA

Mãe de Piracicaba descobre autismo após diagnóstico da filha: 'tudo fez sentido'

Auxiliar de farmácia do Hospital Regional de Piracicaba percebeu comportamentos parecidos entre ela e a filha, diagnosticada com TEA

Por Roberto Gardinalli | 14/04/2024 | Tempo de leitura: 3 min
roberto.gardinalli@jpjornal.com.br

Arquivo Pessoal

Som de vozes, passos e equipamentos se mistura ao cheiro do café e à luz do sol que entra pelas janelas pela manhã e ilumina o ambiente, que é altamente sinalizado por placas que ostentam as cores primárias - o azul, vermelho e amarelo. Detalhes que são pequenos para muitas pessoas e, na maioria das vezes, passam despercebidos na rotina de um lugar agitado, como o HRP (Hospital Regional de Piracicaba). Mas que se tornam altamente incômodos e significativos para uma pessoa que tem o TEA (Transtorno do Espectro Autista).

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A rotina do hospital, com todos esses estímulos, é a da auxiliar de farmácia Lia Monteiro, de 33 anos, que teve o diagnóstico de TEA aos 31, depois de desconfiar que a filha, Sara, de 7 anos, também tinha. Lia conta que Sara apresentava comportamentos e desenvolvimento diferentes das pessoas tidas como comuns. Após consultas médicas, realizadas próximo aos três anos de Sara, ela foi diagnosticada com TEA de grau leve. Mas a revelação do diagnóstico da filha fez com que a mãe percebesse que ela também tinha características parecidas com a da filha. E, assim, também recebeu o diagnóstico para o TEA aos 31 anos.

“Depois do diagnóstico, senti como se tudo tivesse uma explicação. Tudo o que passei fez sentido, eu não era só a pessoa estranha, a menina excluída e arrogante, que não se misturava. Como eu não sabia que eu tinha alguma coisa, eu fui me adaptando, porque eu não sabia que era diferente”, disse a auxiliar de farmácia. Lia e Sara são duas pessoas entre as seis milhões que são diagnosticadas com algum grau de autismo no Brasil, segundo o relatório Retratos do Autismo no Brasil. No mundo, de acordo com a ONU (Organização das Nações Unidas), 1% da população do planeta está no espectro.

Lia diz que o acesso à informação é fundamental para a quebra de tabus relacionados ao assunto. “Antigamente não se falava sobre autismo. Hoje, o autista é atendido por uma equipe multidisciplinar, como fonoaudiólogos, psicólogos, terapeutas ocupacionais, entre outros. Com minha filha, por exemplo, depois do diagnóstico, já iniciamos as terapias e os tratamentos e é gritante o desenvolvimento dela”, disse.

“Os pais que não tinham acesso à informação sobre o autismo até ter o filho diagnosticado, geralmente quando descobrem que eu também sou autista, me fazem perguntas e falam  ‘poxa se você conseguiu, isso quer dizer que meu filho também pode conseguir ter uma vida normal’. Eles não conseguem ver além do momento inicial, que realmente é muito difícil. Então a gente acaba até se surpreendendo, porque nunca pensei que eu seria um exemplo para alguém e acabou que me tornei para vários pais”, completou.

IDENTIFICAÇÃO
A identificação da pessoa com TEA é uma conquista que ainda precisa ser difundida. O uso de cordão ou símbolos do espectro bordados nas roupas ou mochilas, facilita a vida dos portadores de TEA. No último dia 11 de abril, o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) sancionou a lei que institui o cordão de girassol como identificação para pessoas com deficiências não visíveis, como o TEA. Além de facilitar o acesso a serviços, a identificação garante a segurança e proteção dos indivíduos em situações de emergência.

Em Piracicaba, desde 2023, o cartão Pira Cidadão já é fornecido com a identificação da pessoa com TEA. “É importante ter uma sinalização, porque eu posso ter uma crise e as pessoas não saberem e podem agir de forma negativa”, disse Lia.

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1 COMENTÁRIOS

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  • Ivete Gonçalves
    15/04/2024
    Que história bonita, espero que as duas sejam muito felizes e que a menina tenha uma vida muito saudável