O relatório final da CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) do Caso Jamilly aponta possível fraude no prontuário de atendimento da menina Jamilly Duarte Vitória, de 5 anos , que foi picada por escorpião no dia 11 de agosto e levada para a UPA (Unidade de Pronto Atendimento) Frei Sigrist, na Vila Cristina.
O local é referência para soroantiescorpiônico, mas a criança não recebeu o antídoto no local, foi transferida para a Santa Casa, mas morreu no dia seguinte. A suspeita de prática criminosa é denunciada no relatório final da apuração. O caso aconteceu um mês após a OSS Mahtma Gandhi assumir a gestão da unidade.
O relatório será encaminhado à Polícia Civil, Ministério Público, à Prefeitura, Coren (Conselho Regional de Enfermagem) e CRM (Conselho Regional de Medicina).
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“Nós falhamos com a Jamilly desde o momento em que ela pisou na UPA”, afirmou o presidente da comissão, Acácio Godoy. O relatório, assinado pelo relator Gustavo Pompeo, conclui que o atendimento de Jamilly na UPA não contou com apenas um erro, mas com uma “sequência de acontecimentos que comprometeram o atendimento de forma crítica”.
FRAUDE - O relatório destaca divergências e supostas fraudes no preenchimento do prontuário da paciente, possíveis irregularidades no preenchimento do livro de registro de retirada do antídoto da geladeira de armazenamento e pontos contraditórios encontrados em depoimentos. Dentre as divergências, a comissão identificou que o soro antiescorpiônico não teria sido prescrito pela médica até o momento da transferência da criança pelo Samu. Mas a prescrição aparece posteriormente no prontuário que permaneceu na UPA. No prontuário entregue à CPI pela OSS, consta a prescrição do soro antiescorpiônico. Já no prontuário que seguiu com Jamilly para a Santa Casa, não há a prescrição do soro. Conforme os depoimentos colhidos pela CPI, o prontuário teria sido adulterado após a transferência de Jamilly. “Essa possível fraude nos documentos é como matar a Jamilly duas vezes”, avaliou o relator da CPI, Gustavo Pompeo.
Em diligência à UPA em 26 de setembro, os membros da CPI coletaram o livro de registro de retirada de medicamentos da câmara fria. E lá constava a retirada de quatro ampolas de soro antiescorpiônico destinadas à paciente Jamilly. No entanto, a paciente não recebeu o antídoto. Já o enfermeiro que aparece como responsável pela baixa do medicamento manifestou à CPI que a assinatura que constava no livro não havia sido feita por ele.
Por esse motivo, a CPI recomenda que seja realizado exame grafotécnico pela Polícia Civil a fim de averiguar a possível falsificação de assinatura no livro de registros de retirada de medicamentos da unidade.
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