CASO JAMILLY

Equipe da Santa Casa aplicou soro antiescorpiônico na jugular para tentar salvar Jamilly

Por Da Redação |
| Tempo de leitura: 3 min
Guilherme Leite/Câmara Municipal
Duas profissionais da Santa Casa prestaram depoimento à CPI nesta quinta (26)
Duas profissionais da Santa Casa prestaram depoimento à CPI nesta quinta (26)

A equipe da Santa Casa de Piracicaba que atendeu Jamilly Vitória Duarte, de 5 anos, no dia 11 de agosto, aplicou soro antiescorpiônico na jugular da criança assim que ela chegou ao hospital. Na UPA (Unidade de Pronto Atendimento) Frei Sigrist, na Vila Cristina, onde a menina recebeu o primeiro atendimento, profissionais de saúde não conseguiram administrar o antídoto, mesmo a unidade sendo referência para esse tipo de procedimento. Jamilly morreu no sábado (12). Desde 1º de julho, a UPA é administrada pela OSS (Organização Social de Saúde) Mahatma Gandhi. A aplicação do soro na jugular é uma das alternativas quando profissionais de saúde não conseguem o acesso pelas vias convencionais.

Hoje (26), duas profissionais que participaram do atendimento na Santa Casa prestaram depoimento à CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) da Câmara Municipal que investiga o atendimento dispensado pela UPA à criança.

Foram ouvidas nesta quinta a enfermeira supervisora da UTI (Unidade de Terapia Intensiva) da Santa Casa, Janize Costas Passos Parizotto, e a técnica de enfermagem Tatiane da Silva Soares. Elas informaram que a equipe já havia sido comunicada de que daria entrada um caso de picada escorpião em uma criança e que o estado era grave. Por isso, a vaga já foi preparada para Jamilly e o soro antiescorpiônico foi separado para ser administrado.

Segundo a enfermeira, Jamilly já apresentava pernas e braços frios e com coloração escura quando chegou. Ela disse que a menina tinha um acesso venoso no braço, feito pela equipe do Samu, mas que foi perdido no processo de transferência de maca e também porque a paciente estava muito agitada. A enfermeira disse que fez uma primeira tentativa de acesso no braço, mas não conseguiu e, em seguida, pediu a colaboração de Jamilly e, na segunda tentativa, teve sucesso em um acesso venoso na jugular (no pescoço). Ela disse que imediatamente foi administrado o soro antiescorpiônico, por prescrição da médica de plantão.

De acordo com as profissionais, Jamilly estava consciente, pedindo pela mãe e com muito frio. A criança foi aquecida e monitorizada e teve o quadro estabilizado. No entanto, por volta das cinco horas da manhã, ela teve uma piora no quadro, com taquicardia. A médica então prescreveu a medicação necessária. Por volta das seis horas da manhã, ela piorou novamente e a médica prestou nova assistência. Antes de deixar o plantão, às sete horas, a enfermeira avisou a médica e também deixou separado mais um ciclo de soro antiescorpiônico.

Horário de chegada - Também prestou depoimento a recepcionista hospitalar da Santa Casa, Zuleica Terezinha Vitti, responsável pela internação de Jamilly. Ela disse que a mãe foi até a recepção às 22h40 e relatou o estado emocional dela. A recepcionista não teve contato com a criança.

O relator da CPI, vereador Gustavo Pompeo (Avante), explicou que a comissão tem ouvido os depoimentos de todos os profissionais que participaram do atendimento à Jamilly, por ordem cronológica. “Começa a ser ministrado o soro antiescorpiônico nessa criança na Santa Casa porque até o momento ela não tinha recebido”, destacou.

Ele também falou sobre as dificuldades de acesso venoso na criança para ministrar os medicamentos. “Na UPA, houve uma tentativa de acesso com sucesso, mas foi administrado Dramin e outros medicamentos e depois ela perdeu o acesso”, lembrou. “O que nós percebemos é que de fato a Jamilly tinha um quadro clínico com uma certa dificuldade de fazer o puncionamento (para acesso venoso), mas o que a gente ouviu aqui é que existem outras possibilidades e elas devem ser buscadas para ministrar o soro antiescorpiônico”.

De acordo com o relator, a CPI ainda busca mais informações sobre o caso. “Não temos informações suficientes se houve despreparo e negligência, estamos ainda montando o cenário, mas uma das principais complicações no atendimento foi realmente a questão do acesso”, afirmou. Além de Gustavo Pompeo, a CPI é presidida pelo vereador Acácio Godoy (PP) e composta pelos membros Cássio Luiz Barbosa (PL), o Cássio Fala Pira, Pedro Kawai (PSDB) e Paulo Camolesi (PDT). Nesta sexta-feira, a CPI toma os depoimentos de mais três funcionárias da Santa Casa.

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