CASO SIDNEY OLIVEIRA

Auditor fiscal acusado de desviar R$ 1 bi foi melhor aluno no ITA

Por Da redação | São José dos Campos
| Tempo de leitura: 3 min
Reprodução
Dinheiro apreendido em São José na operação que prendeu o empresário Sidney Oliveira (detalhe)
Dinheiro apreendido em São José na operação que prendeu o empresário Sidney Oliveira (detalhe)

Acusado de ser um dos líderes de um esquema bilionário de fraude tributária em São Paulo, o auditor fiscal Artur Gomes da Silva Neto cursou o ITA (Instituto Tecnológico de Aeronáutica), em São José dos Campos, e ficou em primeiro lugar em sua turma.

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“O ITA tem um dos processos seletivos mais concorridos do Brasil”, observou o promotor Roberto Bodini, do Ministério Público de São Paulo, que investiga a operação criminosa.

Em pesquisas nas redes sociais, descobriu-se que Artur chegou a dar palestras para vestibulandos falando sobre como foi aprovado no ITA, no Instituto Militar de Engenharia e no curso de Medicina na USP (Universidade de São Paulo).

Ele também divulgou nas palestras que se graduou engenheiro aeronáutico pelo ITA e chegou a receber o Prêmio Professor Rene Maria Vandaele, destinado aos alunos do último ano de graduação que apresentam o melhor desempenho nas disciplinas dos Departamentos de Aerodinâmica e de Estruturas.

Na época, Artur ganhou da empresa Embraer uma viagem aos Estados Unidos para visitar as principais companhias aeroespaciais e centros de pesquisas, incluindo a Nasa, a agência espacial americana.

Prisão.

Preso na terça-feira (12), Artur é servidor da Sefaz (Secretaria da Fazenda do Estado de São Paulo) e considerado o principal líder do esquema criminoso.

Segundo o site de Transparência do governo de São Paulo, o auditor recebeu R$ 33.781,06 de salário na secretaria em junho, prestando serviços na Diretoria de Fiscalização.

A operação também resultou na prisão do dono da Ultrafarma, Sidney Oliveira, de um diretor do grupo Fast Shop e de mais três pessoas, uma delas em São José dos Campos. O esquema teria arrecadado R$ 1 bilhão em propinas desde 2021.

Descrito como "gênio do crime" pelo MP, Artur foi apontado pelos integrantes da Sefaz ouvidos pelos promotores como um "funcionário brilhante e inteligentíssimo".

A suspeita de liderança do engenheiro no esquema se deu porque uma das senhas de acesso ao sistema foi encontrada com uma contadora.

Não está claro para os investigadores se era Artur quem operava a senha ou se há a participação de outros servidores na fraude. Mas o entendimento dos promotores paulistas é o de que Artur dominava toda a cadeia de corrupção na pasta.

Até a última atualização desta reportagem, a defesa de Artur não havia sido localizada para comentar as acusações.

Ainda de acordo com o promotor, chamou a atenção da investigação o fato de que Artur, um único servidor da Fazenda de SP, "domine praticamente todas as etapas do processo" criminoso de isenção e crédito tributário desbaratado pela operação da terça-feira.

No mesmo dia, o secretário estadual da Fazenda da gestão Tarcísio de Freitas, Samuel Kinoshita, foi à sede do Ministério Público e reuniu-se com promotores que investigam o caso. A ideia é que haja um trabalho conjunto para evitar novas fraudes, com cada órgão operando segundo suas atribuições. O MP com a parte criminal e a Fazenda com a adoção de medidas para fortalecer o seu sistema de controle interno.

* Com informações do G1 SP e da GloboNews

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