
A ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro tem intensificado sua atuação à frente do PL Mulher e se consolidado como uma das principais lideranças do partido. Com agenda pública intensa, eventos com grande mobilização e uso estratégico das redes sociais, ela vem pavimentando o caminho que pode levá-la à disputa presidencial em 2026, algo que, ao mesmo tempo em que fortalece sua imagem, gera desconforto em parte da base bolsonarista.
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No início de junho, Michelle reuniu cerca de mil participantes no Encontro Nacional de Mandatárias, em Brasília, onde lançou seu livro Edificando a Nação. Desde que assumiu o comando do PL Mulher em 2023, com aval de Valdemar Costa Neto e um orçamento mensal de R$ 860 mil, ela promove uma reestruturação do braço feminino da legenda, com aumento no número de filiadas e viagens para ampliar a capilaridade do projeto conservador voltado ao público feminino.
A atuação tem rendido frutos: pesquisas apontam Michelle como o nome bolsonarista mais competitivo na corrida presidencial. Na mais recente sondagem do Datafolha, ela aparece com 26% das intenções de voto no primeiro turno, atrás apenas de Lula, com 37%.
Mas nem todos no PL aplaudem. A ala mais próxima de Jair Bolsonaro se ressente da ascensão da ex-primeira-dama, vista por alguns como inexperiente e de difícil trato. A insatisfação veio à tona quando mensagens de aliados como Mauro Cid e Fabio Wajngarten, com críticas diretas a Michelle, vieram a público. Em resposta, ela exigiu e obteve a saída de Wajngarten da estrutura do partido.
Para analistas, Michelle une carisma, discurso religioso eficaz e organização política, e representa uma face da direita conservadora mais voltada à mulher evangélica tradicional do que ao modelo liberal da esquerda feminista.
Ainda que enfrente resistência interna, Michelle mantém ascensão, turbinada por estrutura, narrativa e eleitorado fiel ao bolsonarismo. Se será candidata em 2026, ainda é incerto, mas sua movimentação já provoca abalos significativos no equilíbrio do PL.
*Com informações da Folhapress