MORTE EM SÃO JOSÉ

Polícia identifica empresário que atropelou e matou pai de família com carro de luxo

Polícia identificou o empresário Kelvin Barbosa Ribeiro, 31 anos, como o motorista do Volvo XC60 prata que atropelou e matou Cristiano Teixeira de Oliveira. Família quer justiça

Por Da redação | 30/04/2024 | Tempo de leitura: 6 min
São José dos Campos

Reprodução

No detalhe, a foto de Cristiano (à esquerda) e de Kelvin (à direita); ao fundo, o Volvo do empresário
No detalhe, a foto de Cristiano (à esquerda) e de Kelvin (à direita); ao fundo, o Volvo do empresário

A Polícia Civil identificou o empresário Kelvin Barbosa Ribeiro, 31 anos, como o motorista do Volvo XC60 prata que atropelou e matou o motociclista Cristiano Teixeira de Oliveira, 39 anos, em um acidente na Rodovia dos Tamoios, em São José dos Campos, no último sábado (27). O carro de luxo conduzido por Kelvin bateu na traseira da moto de Cristiano. Depois, fugiu sem prestar socorro e se apresentou à polícia na segunda-feira (29), sendo ouvido e liberado.

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De acordo com testemunhas, Kelvin dirigia em alta velocidade e fazendo zigue-zague na rodovia quando atingiu Cristiano, diácono e pai de dois filhos, que morreu na pista. Ainda segundo os relatos, o motorista do Volvo dirigiu por mais dois quilômetros, tentando se livrar da moto, que ficou presa ao carro, e quando desceu do veículo, deu um tiro para o alto e fugiu correndo.

A família da vítima, revoltada, cobra a prisão de Kelvin, que saiu pela porta da frente da delegacia após prestar depoimento. Testemunhas afirmaram que o empresário, dono de uma casa de ferragens, aparentava estar sob efeito de álcool. Como fugiu do local do acidente, o motorista não foi submetido ao exame de bafômetro. Nos últimos dias, o empresário apagou as postagens em suas redes sociais, assim como na página de sua loja. A defesa de Kelvin afirma que vai colaborar com as investigações.

"Esse cara matou o meu pai, não pode ficar solto aí na rua! E muito menos responder em liberdade", afirmou a adolescente Melissa Oliveira, de 15 anos, filha de Cristiano. Definido como uma "referência como cristão", Cristiano criava os dois filhos sozinho após perder a esposa, há um ano e meio, depois de três anos lutando contra o câncer, e dizia que a família era o seu maior tesouro.

Querido, Cristiano trabalhava como motorista e era também diácono. O sentimento de impunidade revoltou a família e os amigos, que prometem lutar para que o motorista do Volvo seja punido. "Isso é um tapa na cara da sociedade, isso mostra o quão abandonadas estão as leis no Brasil, estou revoltada com tamanha crueldade foi este 'acidente'. Não me calarei, vou até o fim, e enquanto não ver a justiça feita não vou sossegar", postou uma prima da vítima.

O fato do motorista do carro de luxo ter sido ouvido e liberado revoltou a família, que pede justiça e lançou nas redes sociais a hastah #justiçapelocristiano. O caso está sendo investigado como "homicídio culposo na direção de veículo automotor".

A TRAGÉDIA.

O acidente aconteceu por volta de 1h50 de sábado (27) em um acesso à Rodovia dos Tamoios, no Km 8, na altura da Vila São Bento, e foi comunicado à polícia às 2h12. A polícia encontrou a moto atada ao Volvo XC60 prata, presa ao carro, em razão da violência da batida. O carro de luxo atropelou a moto por trás, matando Cristiano. Testemunhas dizem que Kelvin dirigia em alta velocidade, fazendo zigue-zague na pista.

Após o choque, Cristiano caiu. Ao invés de parar e ajudar a socorrer o motociclista, Kelvin seguiu por cerca de dois quilômetros, com a moto presa ao Volvo, fazendo manobras para tentar fazê-la se desprender.

Motociclistas e entregadores foram os primeiros a presenciar a tragédia. Relatos narram que o motorista do Volvo teria passado sobre o corpo da vítima. “O corpo estava muito machucado”, disse Cristian Teixeira, irmão da vítima.

Mesmo fazendo zigue-zague, o motorista não conseguiu desprender a moto de seu carro, então seguiu pela Tamoios no sentido Caraguatatuba, e entrou na alça de acesso para os bairros na região do Putim. Ele passou sob um viaduto na Tamoios e seguiu por mais alguns metros, onde parou com o carro, em uma avenida de acesso ao bairro. Neste momento, uma testemunha ouvida pelo OVALE narra o encontro.

“Eu estava fazendo o sentindo inverso dele na avenida e vi ele parando e descendo do carro. Ele estava doidão, com certeza estava embriagado”, disse. O motorista, segundo a testemunha, desnorteado, saiu do carro armado. Olhando para os lados, ele atirou para cima. “Eu fiquei com medo, mas vi ele correndo em uma rua e sumiu”, disse a testemunha que se apresentou ao DP. A capsula da pistola .40 foi apreendida pela perícia no último sábado (27).

Outras testemunhas também prestaram depoimento à delegada Maura Batalha Braga, responsável pelas investigações e reviveram a madrugada do último sábado.

O MOTORISTA.

O motorista do Volvo se apresentou com o advogado Rodrigo Coelho, na segunda feira (29). Ele prestou depoimento e deu sua versão ao fato.

O advogado Rodrigo Coelho da Cunha, que defende Kelvin no caso, enviou uma nota à reportagem de OVALE na noite desta terça-feira com a  versão do motorista sobre o acidente. De acordo com a defesa, Kelvin estaria escapando de uma abordagem criminosa e acelerou o carro, batendo "por uma fatalidade" na moto de Cristiano. Segundo a defesa, o empresário e sua família estão recebendo ameaças. Leia abaixo a nota na íntegra:

"Na condição de advogado do motorista que está sendo investigado pela morte do sr. Cristiano Teixeira Oliveira, que veio a falecer em decorrência do acidente de trânsito ocorrido na Rodovia dos Tamoios, no dia 27/04/2024, temos a informar o seguinte: 1. Enquanto trafegava pela Rodovia dos Tamoios, em direção a sua residência, o motorista percebeu a aproximação de duas motocicletas, tendo uma delas sinalizado em direção ao seu veículo e outra ingressado na contramão em direção ao seu carro para iniciar a abordagem criminosa. Naquele momento, temendo por sua vida, acelerou o veículo com o objetivo de se evadir do local, vindo a colidir, por fatalidade, com a motocicleta dirigida pelo sr. Cristiano Teixeira Oliveira.

2. Assim que ouviu o barulho da colisão, percebeu que a moto havia ficado acoplada ao parachoque do veículo e, sem identificar o motociclista e sem vê-lo caído ao chão, permaneceu em fuga em direção ao bairro mais próximo em busca de ajuda. Informa ainda que possui arma de fogo registrada e efetuou disparo para o alto com o intuito de afastar os criminosos.

3. O motorista informa que se apresentou espontaneamente à autoridade policial, que está colaborando para a elucidação dos fatos e que lamenta profundamente a morte do sr. Cristiano Teixeira, solidarizando-se com a família da vítima e colocando-se à disposição para dar todo o suporte que for necessário.

4. O motorista nunca respondeu a nenhum processo criminal, não faz uso de bebidas alcoólicas ou de drogas e pede para que sua vida pessoal não seja exposta, pois está recebendo ameaças após a ampla divulgação do caso pela imprensa, temendo pela vida de sua esposa e filho.

5. Por fim, esclarece que o motorista agiu em estado de necessidade, sem nunca assumir o risco pelo acidente ou agir de forma negligente ou imprudente, cujos fatos serão devidamente comprovados pelas provas já encaminhadas para a Polícia Civil".

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1 COMENTÁRIOS

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  • Ruan Santos
    30/04/2024
    A Legislação precisa ser modificada. Assassino que usa o carro como arma para matar não pode confessar o crime e sair pela porta da frente da delegacia.