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Transporte público é pior avaliado entre jovens e mulheres, diz pesquisa OVALE

Pedra no sapato da prefeitura, transporte público é avaliado como 'ótimo ou bom' por 44,36% dos eleitores, enquanto 12,78% classificam o serviço como 'ruim ou péssimo'

Por Guilhermo Codazzi, editor-chefe de OVALE | 11/04/2024 | Tempo de leitura: 5 min
São José dos Campos

Claudio Vieira/PMSJC

Novo modelo já deveria estar implementado desde 2021
Novo modelo já deveria estar implementado desde 2021

Pedra no sapato da administração municipal, a transporte público é avaliado como 'ótimo ou bom' por 44,36% dos eleitores de São José dos Campos, enquanto 19,30% classificam o serviço como 'regular' e 12,78% como 'ruim ou péssimo'. É o que revela o levantamento OVALE/Sampi/Ágili Pesquisas. Desde 2019, em vão, a prefeitura tenta a criação de um novo modelo de ônibus, que deveria estar em operação desde fevereiro de 2021, há exatos três anos.

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De acordo com a pesquisa, o atual sistema de transporte é avaliado como 'ótimo' por 7,52% dos joseenses, enquanto 36,84% consideram 'bom', outros 19,30% como 'regular', 8,02% como 'ruim' e 4,76% como 'péssimo'. Na estratificação dos dados, a pior avaliação dos ônibus é feita pelos moradores da zona leste da cidade e a melhor na região sul. Os passageiros jovens são mais críticos, assim como as mulheres.

O instituto ouviu 610 pessoas em São José entre os dias 21 e 23 de fevereiro. A margem de erro é de 4 pontos percentuais para mais ou para menos, com índice de confiança de 95%.

A pesquisa integra o Vox Populi, um dos pilares do novo projeto editorial de OVALE, principal veículo de comunicação da RMVale, que converteu-se em um veículo 100% digital e anunciou a duplicação do volume de produção jornalística. Além dos levantamentos eleitorais, OVALE fará levantamentos periódicos sobre temas relevantes, servindo como um termômetro da opinião pública.

De acordo com a pesquisa OVALE, para 50,54% dos homens o transporte público de São José é 'ótimo ou bom', enquanto para 17,55% é 'regular' e para 5,32% é 'ruim ou péssimo'. Entre as mulheres, 38,86% avaliam o serviço como 'ótimo ou bom', outras 20,85% como 'regular' e 19,44% como 'ruim ou péssimo' --> quase quatro vezes mais do que entre os homens (ver gráfico).

Quando analisada a faixa etária do eleitorado, a pesquisa revela que os usuários mais jovens são mais críticos quanto a qualidade do transporte. Um exemplo: entre os eleitores com idade entre 16 e 24 anos, 32,35% avaliam o sistema como 'ótimo ou bom', 32,35% como 'regular' e 29,41% como 'ruim ou péssimo'. Já entre 35 e 44 anos, são 50,73% de 'ótimo e bom' e 8,7% de 'ruim e péssimo'. (ver gráfico)

Na faixa com idade entre 25 e 34 anos, o 'ótimo e bom' fica com 28,07%, índice inferior ao verificado entre eleitores mais velhos, como entre 45 e 59 anos (45,87% de 'ótimo ou bom') e com mais de 60 anos (50,94% de 'ótimo e bom').

Entre as regiões, levando-se em conta o número absoluto, desconsiderando a margem de erro, o transporte é melhor avaliado nas zonas sul (53% de ótimo e bom) e na oeste (50% de ótimo e bom), restando ainda o centro (41,67%), zona norte (44,45%) e sudeste (43,48%). Na zona leste, há um quadro diferente: 29,58% de ótimo e bom, contra 23,94% de ruim e péssimo -- quadro de empate técnico (ver gráfico abaixo).

IMPASSE.

A novela começou em janeiro de 2019, quando a Prefeitura pagou R$ 2,4 milhões para a FGV (Fundação Getúlio Vargas) elaborar o novo modelo de concessão. Seria um contrato tradicional, em que seriam escolhidas as empresas que operariam os ônibus, em dois lotes. Editais foram lançados em 2020 e 2021, mas não houve interesse do mercado no modelo proposto. Apenas o Grupo Itapemirim participou, mas o contrato não foi adiante pois a empresa não comprovou que seria capaz de entregar o que era exigido.

Em março de 2022, inspirada em proposta do governo de Goiás, a Prefeitura passou a apostar em um novo modelo, que consiste em alugar os ônibus por meio de uma estatal – a Urbam (Urbanizadora Municipal), no caso -- e contratar outra empresa para operá-los, em outra licitação, feita pela Secretaria de Mobilidade Urbana.

Até o fim do ano passado, a Urbam chegou a lançar quatro diferentes editais, mas todos fracassaram. Dois deles chegaram a atrair uma empresa cada, mas ambas acabaram desclassificadas. As outras tentativas foram barradas pela Justiça e pelo TCE (Tribunal de Contas do Estado) – entre falhas apontadas pelo TCE estão que o modelo que envolve a Urbam não foi discutido em audiências públicas (isso só foi feito com o modelo da FGV) e que a Prefeitura não comprovou a viabilidade econômica desse novo modelo.

Na última das tentativas, declarada fracassada em janeiro desse ano, o edital previa a locação de 400 veículos elétricos, a um custo de até R$ 2,846 bilhões em um período de 15 anos.

CONTRATOS.

Devido aos fracassos nas licitações, a Prefeitura tem feito sucessivas prorrogações nos atuais contratos. Firmados em abril de 2008, os contratos com a Joseense e a Expresso Maringá deveriam ter sido encerrados em abril de 2020, mas já sofreram quatro prorrogações: para fevereiro de 2021, outubro de 2022, outubro de 2023 e outubro de 2024. Já o contrato com a Saens Peña, firmado em outubro de 2010 e que deveria ter sido encerrado em fevereiro de 2021, foi prorrogado três vezes: para outubro de 2022, outubro de 2023 e outubro de 2024.

Em meio aos fracassos das tentativas de fazer novas licitações para o transporte público, a Prefeitura repassou R$ 194,1 milhões às três atuais concessionárias de outubro de 2020 a dezembro de 2023, sendo R$ 70,32 milhões para a Saens Peña, R$ 65,63 milhões para a Joseense e R$ 58,16 milhões para a Expresso Maringá.

Iniciados no fim de 2020, ainda na fase mais crítica da pandemia da Covid-19, os repasses eram justificados como uma forma de “proporcionar o reequilíbrio econômico e financeiro do contrato de concessão” – não há previsão de até quando serão feitos. As transferências, a título de indenização, somaram R$ 15 milhões nos últimos três meses de 2020, R$ 48,1 milhões em 2021, R$ 63,7 milhões em 2022 e R$ 67,19 milhões em 2023.

Leia mais: Após novo fracasso, Prefeitura irá estudar próximos passos da licitação do transporte


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