PROTESTO

Brasileiros organizam ato em Dublin por filho de Anderson e cobram punição a policial

Por Xandu Alves | São José dos Campos
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Reprodução / Redes Sociais
Anderson e João Henrique em foto de 2021
Anderson e João Henrique em foto de 2021

Brasileiros que moram em Dublin, capital da Irlanda, preparam uma manifestação nesta segunda-feira (30) em solidariedade a João Henrique Thomaz Ferreira, 23 anos, que teve a perna amputada após ser atropelado por um carro da polícia. Ele é filho do prefeito de São José dos Campos, Anderson Farias (PSD).

A comunidade brasileira na cidade também cobra punição ao agente da Garda, a polícia local, que jogou o carro em cima de João Henrique, que foi atingido na perna direita. A grave lesão provocou a amputação da perna do joseense.

“João poderia ter perdido a vida. Ele estava lá ajudando, não tinha nenhuma participação no roubo [da moto]. Ele foi vítima desse ataque absurdo. Policial foi fazer uma coisa sem pensar. Tem que continuar preso”, disse a brasileira Ariane Feller, que mora em Dublin.

O protesto está marcado para esta segunda, às 14h (horário de Dublin). Os manifestantes estão sendo incentivados a vestirem blusa branca e a levarem cartazes.

“João era trabalhador, entregador pelos aplicativos em Dublin. A família, os amigos e também entregadores estão convidando toda a comunidade brasileira na Irlanda para ajudar na manifestação”, diz trecho da convocação para o ato, em perfil mantido por brasileiros que moram na Irlanda.

IRLANDA

João Henrique vive há cinco anos em Dublin e trabalha como entregador de aplicativos, usando uma moto.

No sábado (28), ele foi atropelado por uma viatura policial e fraturou a perna direita, que precisou ser amputada. João Henrique está internado no hospital Tallaght.

De acordo com publicação do prefeito Anderson Farias, o jovem seria submetido a uma segunda cirurgia no domingo (29).

“A distância me aperta o coração, já que não posso estar ao lado dele neste momento tão difícil. Temos que orar por ele para que tenha força”, escreveu Anderson.

A mãe de João Henrique e primeira-dama, Sheila Thomaz, chegou a Dublin por volta das 15h (horário de Brasília) do domingo, para acompanhar e dar assistência ao filho.

ENTENDA O CASO

O caso começou com o roubo de duas motocicletas de entregadores, segundo o relato de brasileiros que trabalham em Dublin e são amigos de João Henrique.

“A gente estava trabalhando normal quando um amigo relatou que a moto dele foi roubada na segunda-feira (23)”, disse Guilherme Benato. “O rastreador sinalizou onde o veículo estava e o grupo de entregadores, que é muito unido, rumou ao endereço informado”.

“Em Sandyford, a gente encontrou uma viatura da Garda (polícia de Dublin). O João falou para a Garda ‘acabaram de roubar a moto do meu amigo’, aí o policial disse ‘vamos atrás’”, contou.

Em certo momento, o grupo foi avisado de que a Garda capturou os ladrões das duas motos roubadas. João Henrique chegou ao local, passou em frente às motos roubadas, que estavam caídas na via, e estacionou sua moto no acostamento, mais adiante. Então, ele voltou a pé ao local das motos caídas, pelo acostamento.

“Chegou outro carro da Garda, que ainda não estava na ocorrência. João apontou para ele e disse ‘a ocorrência é lá’. O policial engatou a primeira e passou por cima do João. Foi de um despreparo inacreditável. Não sei se o policial estava assustado, se achou que o João era um ladrão”, contaram os amigos que presenciaram a cena.

“Quando o policial saiu da viatura, não sabia o que fazer. Tivemos que pedir um torniquete para ele. Todos despreparados, não sabiam o que fazer, eles entraram em mais desespero do que a gente.”

“Ele teve a ideia de pegar uma fita e prender a perna. Os policiais só estavam preocupados em prender os ladrões e deixaram o João lá. A gente começou a gritar para o policial ‘pega o torniquete’, aí ele foi para trás da viatura e pegou e entregou na nossa mão, ele não sabia o que fazer. Passamos o torniquete, começamos a falar com o João até chegar outra viatura.”

Ainda de acordo com os rapazes, o jovem estava consciente e se lembrava de tudo que havia acontecido. "Ele não tem escoriação em lugar nenhum do corpo, só tem na perna".

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