LUTO

Brincalhão, joseense morto em Portugal pedia que fosse enterrado no Brasil

Por Ana Lígia Dal Bello | da Redação
| Tempo de leitura: 3 min
Reprodução/Facebook
José Walter era serralheiro e planejava visitar os pais no Brasil em dezembro deste ano.
José Walter era serralheiro e planejava visitar os pais no Brasil em dezembro deste ano.

Brincalhão, sociável e querido, o joseense José Walter Melo, de 62 anos, dizia em tom bem-humorado que queria ser enterrado no Brasil. Ele morreu vítima de infarto na quinta-feira (14), em Aveiro, Portugal, para onde imigrou há dois anos. A família está fazendo uma vaquinha a fim de juntar recursos para realizar o desejo do pai.

"Ele brincava muito com isso, que se algo acontecesse com ele aqui, eu ia ter que levar ele, pois ele tem pais vivos no Brasil e todo o resto da família. Ele sempre foi muito brincalhão, falava muito sobre isso", disse a OVALE a filha Cíntia Melo, a única dos cinco que se juntou ao pai no desafio de ser imigrante em Portugal.

Subitamente
Cíntia contou que a empresa onde o pai trabalhava como serralheiro afirmou que ele ainda estava dentro da empresa quando morreu. "Passou o dia bem, trabalhou o dia inteiro, estava conversando, sorrindo, brincando com todo mundo -- ele sempre foi muito brincalhão. Quando ele estava indo até o armário se trocar para ir embora, se queixou de uma dor muito forte e caiu no chão. Tentaram socorrer, o médico do trabalho foi acionado ao local para fazer massagem cardíaca, fizerm até respiração boca a boca mas ele não se reanimou. Entraram em contato com os bombeiros aqui da cidade e foi constatado o óbito ali mesmo no local de trabalho. Tentaram reanimá-lo, mas infelizmente, ele não voltou", falou emocinada.

Como muitos brasileiros, Walter, que já tinha mais de 60 anos, imigrou em busca de trabalho digno e qualidade de vida. "Ele veio para Portugal porque não conseguia trabalho na idade avançada dele. Ficou anos desempregado no Brasil", disse a filha.

Ele teve ajuda dos enteados, que imigraram primeiro. Chegou em novembro de 2021 e, em janeiro do ano seguinte, estava empregado com contrato de trabalho e documentação regualarizada.

Na Europa, Walter vivia com a companheira de mais de 10 anos e com os enteados. "Quando vim para cá ano passado, ele me ajudou muito. A gente mora bem próximo, um do lado do outro", contou Cíntia, entre lágrimas.

Projeto interrompido
Além de lidar com a dor da perda, ela é responsável por lidar com os trâmites burocráticos em Portugal. "Só eu que posso reconhecer e assinar tudo que precisa. Estou fazendo de tudo pois sei que, quando ele me falava (de voltar ao país natal), era em momentos que brincava, mas ele desejava muito ir ao Brasil visitar os pais. Inclusive, ele tinha arrumado um emprego que ia ganhar um pouco mais e ia poder ir ao Brasil em dezembro. Esse era seu plano, ir matar a saudade".

"Sei que poderei enviar somente ele e não poderei estar presente por questão financeira, mas quero ter a consciência de que cumpri com o que ele me pedia. A vida de imigrante não é fácil. Nós temos uma qualidade melhor de vida, porém, tem os familiares que ficam longe, e temos que aprender a conviver com essa dor. Nessas horas, é pior ainda", conclui.

Doação
Além do link da vaquinha, as pessoas interessadas em contribuir podem fazê-lo pelo PIX 12997072222; o CPF é 305.786.588-79. Cíntia informou que, dos R$29 mil necessários aos translado do corpo, faltam cerca de R$10 mil para atingir a meta.

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