GASTO PÚBLICO

Prefeitura de São Sebastião nega ter recebido R$ 57 milhões em doações após a calamidade

Por Débora Brito | São José dos Campos
| Tempo de leitura: 3 min
Divulgação
São Sebastião ainda passa por obras para recuperar infraestrutura afetada pelo deslizamento de terra de fevereiro
São Sebastião ainda passa por obras para recuperar infraestrutura afetada pelo deslizamento de terra de fevereiro

A Prefeitura de São Sebastião negou que tenha recebido R$ 57 milhões em doações após a calamidade provocada no município pelas fortes chuvas em fevereiro. Ainda nesta quarta-feira (31), o município apresentará à Justiça sua prestação de contas sobre as doações recebidas de entidades públicas e privadas no contexto da tragédia.

As informações sobre a aplicação dos recursos foram cobradas pela 1ª Vara Cível de São Sebastião, em resposta à ação popular protocolada no TJSP (Tribunal de Justiça de São Paulo) pela deputada estadual Ediane Maria (PSOL). Na ação, a parlamentar calcula que as doações somariam pelo menos R$ 57 milhões e pede ampla publicidade sobre os gastos relacionados ao desastre, entre outros pontos.

A ação popular foi aberta em 5 de maio e pede medida liminar contra a Prefeitura para que apresente o detalhamento das informações, sob pena de multa diária. O valor da ação é R$ 100 mil. O juiz Vítor Hugo de Oliveira deu o prazo de 72 horas para manifestação da Prefeitura. O prazo expira hoje (31).

Em nota, a Prefeitura adiantou que recebeu cerca de R$ 10 milhões e que parte dos recursos foi ou está sendo aplicada diretamente pelos governos estadual e federal, sem a gerência do município.  A Prefeitura refuta ainda a acusação de que não esteja dando transparência aos dados e justifica que, no caso das doações de entidades e organizações civis, as instituições dispensaram a necessidade de prestação pelo município “por não se tratar de dinheiro público” e que as informações estão sendo levantadas pela Procuradoria, com auxílio do Ministério Público.

Confira abaixo a íntegra da nota da Prefeitura de São Sebastião:

“A deputada Ediane Maria (PSOL-SP) erra por desinformação. É inverdade, afinal, que São Sebastião-SP recebeu R$ 57 milhões em espécie para atender vítimas das chuvas. Foram repassados cerca de R$ 10 milhões. Outrossim, os gastos do município durante e após a enxurrada são divulgados devidamente, sejam resultado de doações, de erário próprio ou de repasses da União e/ou do Estado.

Importante salientar que os valores provenientes das esferas superiores são aplicados na medida em que são repassados e que estão divorciados dos custos que os governos federal e estadual, bem como algumas entidades, decidiram assumir de forma direta, ou seja, sem a gerência do município. O que significa que, em muitos casos, as despesas foram e estão sendo contraídas pela União, pelo Estado e por associações sem a administração de aporte por parte da Prefeitura.

O Estado, só para citar um caso, repassou a São Sebastião R$ 3,5 milhões. Deste montante, R$ 2 milhões foram para a locação de caminhões, maquinários, limpeza e desobstrução de vias ao longo das vias municipais, com fornecimento de mão de obra e manutenção dos veículos (R$ 1. 432.510,00); e para contratação de empresa de serviços funerários para adultos e crianças (R$ 567.490,00).

O município também fez um pedido ao Estado, via Casa Militar, de R$ 2,6 milhões, para a tomada de outras providências frente aos estragos causados pelas fortes chuvas. Contudo, o valor até o momento não foi deferido. Também foi prometido ao município R$ 1,2 milhão via emenda parlamentar. Até o momento, o dinheiro não chegou até a cidade.

São Sebastião ainda recebeu, via Estado, R$ 1,5 milhão para abrigamento. Ainda nesta semana, a União liberou para a Prefeitura kits de limpeza e de assistência social (para abrigamento emergencial, compra de colchão, alimentos etc).  

Em razão de a população cobrar o município quanto à arrecadação de dinheiro para o auxílio às vítimas das fortes chuvas, a própria Prefeitura oficiou entidades, associações e Organizações Não-Governamentais (ONGs) que arrecadaram recursos no período para prestarem contas. Frente à resposta negativa por parte de algumas, alegando a não necessidade de satisfação, uma vez que “não se trata de dinheiro público”, restou à Procuradoria acionar o Ministério Público (PM) para que auxilie o município na apuração desta demanda. Esta providência foi, inclusive, amplamente divulgada pela Imprensa, mas deve ter passado despercebido aos olhos da deputada Ediane.

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