
Ex-diretor do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) demitido por bater de frente com o então presidente Jair Bolsonaro (PL), Ricardo Galvão deve ser confirmado como novo presidente do CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico) nos próximos dias. A decisão já teria sido tomada por Luciana Santos, ministra da Ciência, Tecnologia e Inovação.
Galvão, 75 anos, é professor do Instituto de Física da USP (Universidade de São Paulo) e atuou na equipe de transição de Lula nos últimos meses. Em 2019, ele foi o pivô de uma crise que sinalizou o que viria mostrar-se a tônica negacionista do governo Bolsonaro.
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Após ser cobrado pela imprensa estrangeira sobre o altos níveis dos números do desmatamento no país, dados esses registrados pelo sistema Deter, do Inpe, o ex-presidente disse ter “convicção” de que os dados eram “mentirosos”, acusando ainda o cientista de estar “a serviço de alguma ONG”.
“Até mandei ver quem é o cara que está à frente do Inpe para vir se explicar aqui em Brasília, explicar esses dados aí que passaram à imprensa”, disse Bolsonaro. “No nosso sentimento, isso não condiz com a realidade. Até parece que ele está a serviço de alguma ONG, o que é muito comum.”
Na época, Galvão defendeu os dados do Inpe e bateu de frente com Bolsonaro, que o demitiu dias depois. Galvão se filiou à Rede Sustentabilidade e concorreu a deputado federal, mas não se elegeu.