A Polícia Civil já concluiu o inquerito sobre a morte de Ana Lívia, baleada pela amiga de 12 anos em sua casa em Taubaté, no dia 27 de setembro. Contudo, ainda há dúvidas sobre as circunstâncias da morte da menina de 13 anos, levantadas principalmente pela família da vítima, que defende que o tio da atiradora, dono da arma utilizada no crime por ela, também seja responsabilizado pela morte de Ana Lívia. A mãe da vítima defende a redução da maioridade penal.
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O crime aconteceu quando Ana Lívia e sua amiga esperavam por uma carona para levá-las até a escola. Depois de uma discussão, a menina deu um tiro contra a nuca de Lívia, depois, guardou a arma e foi para a escola assistir à aula normalmente. A confissão da menina resultou em uma internação preventiva na Fundação Casa, onde ela espera pelo julgamento que vai definir a duração da medida socioeducativa a ser aplicada em seu caso, que pode ser de até três anos.
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A família de Ana Lívia criticou a conclusão do inquerito sem a resposta de dúvidas que consideram chave para entender a dinâmica do crime. OVALE separou alguns fatos e perguntas não respondidas sobre o crime. Confira:
O que se sabe sobre o caso
Ana Lívia liga para mãe perguntando se amiga podia ir até sua casa
A mãe de Ana Lívia recebeu uma ligação da filha pedindo permissão para que sua colega fosse até sua casa. De lá, elas iriam pegar carona para ir à escola com a mãe de outra colega de classe.
Menina de 12 anos chega à casa de Lívia às 10h23
Vídeos de segurança de uma casa que fica na rua de onde Ana Lívia morava, conseguidos pela equipe de advogados da família da garota de 13 anos, mostram a menina de 12 anos chegando ao local às 10h23.
Vítima foi morta com um tiro na nuca, por volta das 12h30
De acordo com a perícia realizada pela Polícia Civil, Ana Lívia foi morta por volta das 12h30, com um tiro em sua nuca. Seu corpo foi encontrado pela sua mãe, no quarto. Ela estava arrumada e pronta para ir à escola, já de óculos e uniforme. O corpo estava sob uma mesa de cabeceira.
Às 12h51, acusada manda áudio para mãe que daria carona para ela e Ana Lívia
A menina de 12 anos enviou um áudio para a mãe de uma colega que levaria ela e Ana Lívia para a aula. Na gravação, ela diz: "Eu tava [sic] na casa da Ana Lívia, aí eu voltei embora [sic], fiquei um pouquinho lá porque esqueci meu tênis, eu não vou para a escola porque não deu tempo, porque eu quis voltar justo agora. Mas... aí, a Lívia não me responde. Eu não voltei pra casa agora, voltei umas 11h. Fiquei um pouquinho aqui em casa e falei para ela que não ia voltar. Mas depois mandei mensagem para ela e não me responde, tia. Eu tô [sic] preocupada com ela, será que aconteceu alguma coisa com ela? Ela não me responde", disse a menina no áudio.
Acusada compareceu à escola, às 13h e assistiu à aula
Apesar de ter dito que não dava tempo de ir para a escola, a menina de 12 anos conseguiu entrar pelo portão da escola, que fica fechado depois das 13h. Ela assistiu às aulas, até que a polícia a procurou, questionando-a sobre o paradeiro de Ana Lívia, momento em que a menina confessou o crime.
Arma utilizada pela criança pertencia a tio, um agente de segurança
A arma utilizada para matar Ana Lívia era registrada e pertencia ao tio da menina de 12 anos. Segundo seu relato, ela pegou a arma no domingo, para atirar em Ana Lívia na terça-feira. A arma é uma Taurus TH 380, pistola que pesa 790 gramas.
O que ainda falta esclarecer
Como a atiradora aprendeu a atirar?
De acordo com os advogados da família de Ana Lívia, a arma utilizada no crime era de difícil manuseio e o tiro dado na vítima foi certeiro e único. A equipe levanta dúvidas sobre a experiência da menina com a arma, se houve algum treinamento prévio ou não.
Como a menina teve acesso à arma?
O tio da atiradora diz que a arma ficava guardada no fundo de uma gaveta da cozinha, envolvida em um pano de prato. Ele afirmou à polícia que no domingo, dia em que a menina teria pegado a arma, saiu apenas por algumas horas e não sabe como ou quando ela pegou o revólver que utilizou para matar Ana Lívia.
Como ela destravou e municiou a arma?
Ainda segundo o tio e padrinho da menina, a arma era guardada sem munição e travada. Ou seja, a atiradora precisou conseguir munição, saber como colocar as balas no revólver e ainda saber destravá-la no momento do crime.
Que horas a atiradora deixou a cena do crime?
As câmeras de segurança captaram a menina chegando à casa de Ana Lívia às 10h23 e filmaram a calçada da residência até às 11h20. Depois desse horário, nenhuma imagem foi captada.
Como a menina foi para casa e voltou à escola a tempo de assistir às aulas?
A acusada teria tirado a vida de Ana Lívia às 12h30 e mandado um áudio para a mãe da colega que pegaria as duas para ir à escola às 12h50. Ela disse que não compareceria ao colégio. Para a polícia, ela disse que matou Ana Lívia, foi para a casa a pé e então dirigiu-se à escola, às 13h. Segundo a equipe de advogados da vítima, seria impossível chegar à escola dentro dessa janela de tempo.