O Cidadania abriu nesta quinta-feira (4) um novo capítulo em sua turbulenta trajetória política em Campinas. Após um ano marcado por embates internos, intervenção estadual, dissolução do diretório, expulsão de lideranças e um processo que dividiu publicamente o partido, a sigla agora tem um novo comando na cidade: o vereador Vini Oliveira foi nomeado presidente do Cidadania em Campinas.
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A decisão foi oficializada no sistema do Tribunal Superior Eleitoral, que publicou a nomeação da nova comissão provisória, formada integralmente por assessores e pessoas ligadas ao parlamentar. A mudança encerra — ao menos formalmente — o ciclo mais conturbado da história recente da legenda no município.
A nomeação de Vini também atende diretamente aos anseios do projeto que ele vem articulando ao longo do ano. Em contato com o Portal Sampi Campinas, Vini confirmou que “aceita o convite de Alex Manente (presidente estadual) para ser pré-candidato a deputado federal” nas eleições de 2026.

A escolha de Vini representa o ponto final de uma sequência de movimentos que remodelaram o partido ao longo de 2025. No centro da disputa, estiveram acusações públicas, notas oficiais, ataques da tribuna, tentativas de diálogo frustradas e uma ruptura que se tornou irreversível após o episódio envolvendo uma moção de apoio à vereadora Mariana Conti (PSOL), aprovada sem a presença do único vereador eleito pelo Cidadania.
A crise, que começou com divergências internas, escalou rapidamente para uma disputa institucional. O ápice ocorreu em outubro, quando o presidente estadual Alex Manente assinou o Ato nº 03/2025, dissolvendo o diretório campineiro e instaurando uma intervenção. O documento citou expressamente a reportagem do Portal Sampi Campinas que detalhava o conflito entre Vini e a direção local, afirmando que as condutas da antiga executiva “causaram prejuízo à imagem do partido e comprometeram sua legitimidade”.
A intervenção seguiu-se a uma série de episódios públicos que evidenciaram o racha. No plenário da Câmara, Vini criticou duramente o diretório municipal e afirmou ter sido excluído de atividades internas. “Fui o único vereador eleito pelo Cidadania e sequer fui convidado ao congresso do partido”, disse à época. A executiva local respondeu negando as acusações e afirmando que o parlamentar havia se afastado das atividades partidárias.
A situação agravou-se quando o diretório estadual decidiu também pela expulsão sumária do deputado estadual Rafa Zimbaldi, sob argumento de dupla filiação com o União Brasil. O parlamentar rebateu a decisão, alegou perseguição política e afirmou que jamais se filiou à outra legenda. “Expulsar um deputado sem garantir defesa é um atentado à democracia interna”, afirmou no recurso apresentado à sigla.
Do outro lado, a ex-presidente municipal Ana Stela Alves de Lima afirmou que a intervenção não seria aceita passivamente, atribuiu a crise a tensões ligadas à federação com o PSB e classificou a postura de Vini como incompatível com a tradição do partido. “O vereador se move pelo engajamento das redes, mas isso não é projeto político. Não cabe dentro do Cidadania”, declarou na ocasião.
Agora, com a publicação da nova nominata no TSE, o partido entra numa fase em que a liderança municipal passa oficialmente às mãos de quem protagonizou a ruptura. A ascensão de Vini, o segundo vereador mais votado de 2024, ao comando local representa a consolidação da sua força interna e confirma a leitura que circulava nos bastidores desde a intervenção: a reestruturação estadual pavimentaria o caminho para que o vereador assumisse o partido em Campinas.
A comissão provisória anunciada tem caráter emergencial e deve conduzir a sigla até uma reorganização definitiva. Por ora, encerra simbolicamente um ciclo que começou com divergências pontuais e terminou com a completa recomposição do partido na cidade.
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