O ex-juiz federal Marcelo Bretas voltou ao centro do debate político-jurídico ao comentar uma reportagem que atribui ao ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), contatos diretos com o presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, relacionados à situação do Banco Master. Para Bretas, os episódios descritos podem configurar o crime de advocacia administrativa.
VEJA MAIS:
- Contrato de R$129 mi liga Banco Master à mulher de Moraes; VEJA
- Governo vai propor jornada 5x2 com limite de 40 horas semanais
- Clique aqui e receba, gratuitamente, as principais notícias da cidade, no seu WhatsApp, em tempo real.
A informação veio a público por meio de coluna assinada pela jornalista Malu Gaspar, em O Globo. Segundo a publicação, Moraes teria procurado Galípolo ao menos quatro vezes — três por telefone e uma em encontro presencial — para tratar de dificuldades enfrentadas pelo Banco Master, instituição controlada pelo empresário Daniel Vorcaro.
Contatos e questionamentos
De acordo com a reportagem, nos diálogos com o presidente do BC, o ministro teria buscado esclarecimentos sobre o andamento da negociação que previa a venda do Banco Master ao Banco Regional de Brasília (BRB). Em um dos episódios relatados, Moraes teria defendido a aprovação da operação.
O caso ganhou ainda mais repercussão porque, posteriormente, a transação passou a ser investigada pela Polícia Federal, dentro de um inquérito que apura suspeitas de irregularidades e possíveis fraudes no sistema financeiro.
Reação de Bretas nas redes
Ao comentar o conteúdo divulgado pela imprensa, Marcelo Bretas fez referência direta ao artigo do Código Penal que trata da advocacia administrativa — prática que ocorre quando um agente público usa o cargo para defender interesses privados junto à administração pública.
Em publicação nas redes sociais, Bretas destacou o trecho da lei que prevê pena de detenção de três meses a um ano, além de multa, quando o interesse defendido é considerado ilegítimo. O ex-juiz não citou diretamente o nome de Moraes, mas fez clara alusão ao episódio narrado pela coluna.
Relação familiar com o banco
Outro ponto sensível mencionado na cobertura jornalística envolve a esposa do ministro, Viviane Barci de Moraes. Segundo a apuração, ela teria mantido um contrato de valor estimado em cerca de R$ 130 milhões com o Banco Master, o que ampliou os questionamentos sobre eventual conflito de interesses.
Operação e prisão do banqueiro
O pano de fundo do caso é a Operação Compliance Zero, deflagrada pela Polícia Federal para investigar um suposto esquema de emissão de títulos de crédito falsos envolvendo instituições do Sistema Financeiro Nacional.
No dia 18 de novembro, Daniel Vorcaro foi preso no Aeroporto de Guarulhos, em São Paulo. A PF informou que ele tentaria deixar o país rumo à Europa, versão contestada por seus advogados, que alegaram viagem ao Catar para negociar a venda do banco.
Dez dias depois, a prisão foi revogada por decisão da desembargadora Solange Salgado, do Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF-1), que substituiu a custódia por medidas cautelares.
Debate em escalada
As declarações de Bretas reacenderam o debate sobre limites institucionais, conflitos de interesse e a atuação de autoridades em temas sensíveis do sistema financeiro. O episódio segue repercutindo no meio jurídico e político, enquanto os fatos continuam sendo analisados pelas instâncias competentes.
Fale com o Folha da Região!
Tem alguma sugestão de pauta ou quer apontar uma correção?
Clique aqui e fale com nossos repórteres.