A proibição de testes em animais para cosméticos no Brasil começa a produzir impactos práticos na indústria. Com a sanção da Lei 15.183, em julho deste ano, empresas do setor passaram a intensificar investimentos em métodos alternativos capazes de garantir segurança, eficácia e conformidade legal. Entre as soluções que ganham protagonismo está a pele humana equivalente, um modelo desenvolvido em laboratório que reproduz as principais características da pele real.
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A tecnologia já é considerada estratégica para a adaptação das marcas ao novo cenário regulatório e avança rapidamente no meio acadêmico e empresarial.
Parceria une universidade, fundação e indústria
Em Curitiba, uma cooperação entre a Universidade Federal do Paraná (UFPR), a Fundação da UFPR (Funpar) e a empresa brasileira Creamy Skincare está desenvolvendo um modelo próprio de pele humana artificial voltado a testes de cosméticos. O trabalho é conduzido no Laboratório de Bioensaios de Segurança e Eficácia de Produtos Cosméticos (Labsec), vinculado ao Departamento de Farmácia da UFPR.
O projeto busca substituir ensaios tradicionais de permeação cutânea, oferecendo uma alternativa científica alinhada às exigências éticas e legais atuais.
Como a pele artificial é produzida
O processo começa a partir de pele humana descartada em cirurgias, fornecida pelo Hospital Nossa Senhora das Graças. A partir desse material, células são isoladas, cultivadas e multiplicadas em laboratório até atingirem quantidade suficiente para uso em testes ou armazenamento em bancos celulares.
Com auxílio de uma bioimpressora 3D, essas células são organizadas em camadas que imitam a estrutura da pele humana. Para isso, os pesquisadores utilizam uma biotinta, combinação de células vivas e biomateriais que garante sustentação e viabilidade celular.
Biotinta: o diferencial científico
Segundo a coordenação do projeto, a biotinta é um dos pontos-chave da pesquisa. Sua formulação reúne substâncias como colágeno, ácido hialurônico e fatores de crescimento, criando um ambiente favorável à proliferação celular.
Cada grupo de pesquisa desenvolve sua própria composição, o que torna cada modelo de pele único. Esse avanço amplia as possibilidades de aplicação não apenas em cosméticos, mas também em pesquisas dermatológicas e farmacêuticas.
Mercado já aposta na tecnologia
Com a nova legislação em vigor e a pressão crescente do consumidor por práticas livres de crueldade animal, modelos de pele humana equivalente deixaram de ser apenas experimentais. Algumas versões já são comercializadas internacionalmente, enquanto outras seguem em desenvolvimento dentro de universidades e centros de pesquisa.
A expectativa é que, nos próximos anos, esse tipo de tecnologia se torne padrão na avaliação de produtos cosméticos no Brasil.
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