A paralisação nacional anunciada por grupos de caminhoneiros para esta quinta-feira (4) ganhou força nas redes sociais e reacendeu o debate sobre as condições de trabalho da categoria — mas também expôs divergências internas, especialmente sobre o teor político do movimento. Embora a mobilização tenha sido convocada por motoristas de várias regiões do país, entidades representativas afirmam que não houve deliberação oficial nem consenso entre os profissionais.
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Motivações políticas dividem opiniões
Uma ala da categoria associa o ato à defesa do ex-presidente Jair Bolsonaro. Em vídeos recentes, o desembargador aposentado Sebastião Coelho e Chicão Caminhoneiro, da União Brasileira dos Caminhoneiros, afirmam ter protocolado uma ação buscando respaldo jurídico para a paralisação. Coelho declarou que a pauta central seria a anistia aos investigados pelos atos de 8 de janeiro e ao próprio ex-presidente, apontando o Congresso Nacional como destinatário da pressão.
Reivindicações por melhores condições
Apesar da presença de discursos políticos, outros motoristas — entre eles Daniel Souza, influenciador e liderança conhecida da greve de 2018 — destacam que a mobilização nasceu da insatisfação com a rotina nas estradas. Ele cita baixa remuneração, insegurança nas rodovias e dificuldades para cumprir normas por falta de estrutura. As reivindicações incluem estabilidade contratual, valorização profissional, revisão do Marco Regulatório do Transporte de Cargas e aposentadoria especial após 25 anos.
Entidades rejeitam a paralisação
Organizações tradicionais do setor afirmam não reconhecer o ato. A Fetrabens (Federação dos Caminhoneiros Autônomos de Carga em Geral de São Paulo) reforçou, em nota, que não convoca nem apoia a greve — e que as manifestações vistas online são iniciativas individuais. Na Baixada Santista, a presidência da CCAPS (Cooperativa dos Caminhoneiros Autônomos do Porto de Santos) também criticou a falta de assembleias e votações, consideradas essenciais para decisões desse porte.
Com pautas desencontradas e ausência de consenso institucional, a paralisação marcada para amanhã segue cercada de incertezas sobre adesão e impacto nacional.
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