ARTIGO

A Terapia Ocupacional no O fim chegou Transtorno do Espectro Auti

Por Luiz Xavier |
| Tempo de leitura: 3 min

Hoje a terapeuta ocupacional Alexandra de Cassia Adamoli Valério – CREFITO 3/1596 traz uma sua visão interessante e pertinente sobre a Terapia Ocupacional (TO) no tratamento do Transtorno do Espectro Autista (TEA) que, segundo ela, é um verdadeiro ato de amor traduzido em cuidado. É o encontro entre o conhecimento técnico e a sensibilidade humana, onde cada pessoa é acolhida como é.

Para quem vive no espectro, o mundo pode ser barulhento, imprevisível e exigente demais. Pequenos estímulos podem causar grandes desconfortos, e tarefas simples do dia a dia podem se transformar em desafios imensos. É nesse cenário que a TO se torna abrigo, ponte e possibilidade.

O terapeuta ocupacional não enxerga apenas dificuldades. Enxerga histórias, sonhos e potencial. Através das atividades cotidianas a TO constrói caminhos para que a pessoa com TEA possa se expressar, se organizar e participar da vida de forma mais plena. Cada sessão é um espaço seguro, onde o tempo é respeitado e onde cada tentativa é valorizada. Um pequeno avanço pode representar uma grande vitória: um contato visual sustentado, um gesto funcional, uma nova forma de comunicação, um sorriso espontâneo.

Mais do que desenvolver habilidades motoras, cognitivas ou sensoriais, a TO toca aquilo que é essencial: a autonomia, a autoestima e o sentimento de pertencimento. Ela ajuda a pessoa com TEA a compreender o próprio corpo, a regular emoções e a lidar com as demandas do ambiente de maneira mais confortável. Não se trata de mudar quem essa pessoa é, mas de fortalecer suas capacidades para que ela possa viver com mais independência, dignidade e qualidade de vida.

Para muitas crianças com TEA, a TO é onde o brincar ganha significado, onde o aprendizado acontece de forma afetiva e onde suas singularidades deixam de ser barreiras para tornarem parte de sua identidade. É um processo construído com paciência, vínculo e confiança. Um processo que ensina que cada pessoa tem seu próprio tempo e sua própria forma de florescer.

Esse trabalho, no entanto, não acontece de forma isolada. A TO ganha ainda mais força quando caminha lado a lado com a equipe multidisciplinar, pois permite um olhar ampliado, sensível e completo sobre a pessoa com TEA. Cada profissional contribui com seu saber, mas todos compartilham o mesmo propósito: promover desenvolvimento, bem-estar e inclusão.

Enquanto a fonoaudiologia trabalha a comunicação e a linguagem, a TO favorece os meios para que essa comunicação aconteça no cotidiano, de forma funcional e significativa. Em parceria com a fisioterapia, fortalece o corpo, o movimento e a consciência corporal, essenciais para a autonomia. Junto à psicologia, acolhe emoções, comportamentos e vínculos, respeitando a subjetividade de cada indivíduo. E ao lado da psicopedagogia, contribui para que o aprendizado aconteça de maneira acessível, respeitosa e possível.

Essa união de saberes transforma o cuidado em algo verdadeiramente humano. A família é fundamental nesse processo, sendo acolhida, orientada e fortalecida. Pais e cuidadores passam a enxergar o desenvolvimento para além das comparações, aprendendo a valorizar cada passo, cada tentativa, cada conquista.

Falar da importância da TO no TEA é falar de trabalho em equipe, de sensibilidade e de amor. É reconhecer que ninguém caminha sozinho e que, quando profissionais se unem com respeito e propósito, vidas são transformadas. É acreditar que toda pessoa com TEA merece ser compreendida, apoiada e estimulada a ocupar seu lugar no mundo com autonomia, afeto e dignidade".

Luiz Xavier é psicólogo clínico e terapeuta sexual.

Comentários

Comentários