O período de festas que encerra o ano costuma ser associado a encontros, comemorações e alegria. Para cães e gatos, no entanto, esse cenário pode significar medo extremo, estresse intenso e riscos reais à saúde. Fogos de artifício, alterações na rotina da casa, excesso de estímulos e até a comida da ceia formam um conjunto de ameaças muitas vezes subestimadas pelos tutores.
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Mesmo com leis municipais que restringem fogos com estampido, o barulho ainda é frequente em diversas regiões do país. O problema é potencializado pela sensibilidade auditiva dos animais. De acordo com a médica-veterinária Farah de Andrade, cães conseguem captar sons de até 60 mil hertz, enquanto gatos chegam a 85 mil hertz — bem acima do limite humano, que gira em torno de 20 mil hertz. Na prática, isso faz com que os fogos sejam percebidos como explosões súbitas e ameaçadoras.
As reações variam conforme o perfil do animal, mas podem incluir tremores, tentativas de fuga, vocalização excessiva, agressividade, convulsões e comportamentos autolesivos. Em casos mais graves, especialmente entre pets idosos ou com doenças pré-existentes, o estresse pode levar a intercorrências clínicas sérias e até ao óbito.
Preparação antecipada reduz riscos
Especialistas alertam que o principal erro dos tutores é tentar agir apenas no dia da virada. O manejo preventivo deve começar com antecedência, permitindo avaliar o nível de ansiedade do animal e adotar estratégias adequadas. Entre elas está a dessensibilização sonora, que consiste em expor o pet gradualmente a sons semelhantes aos dos fogos, sempre associados a estímulos positivos, como brincadeiras e petiscos.
A avaliação veterinária é essencial para definir se o animal pode se beneficiar de recursos calmantes, sejam eles naturais ou medicamentosos. Substâncias como melatonina, L-triptofano e extratos vegetais com efeito ansiolítico são algumas das alternativas utilizadas sob orientação profissional. Em quadros mais intensos, pode ser necessária a prescrição de medicamentos específicos, ajustados ao peso e às condições de saúde do pet.
No dia das comemorações, medidas simples fazem diferença: manter portas e janelas fechadas, criar um ambiente silencioso e seguro, oferecer objetos familiares e evitar que o animal fique sozinho por longos períodos. Sons contínuos, como música ou televisão, ajudam a mascarar o barulho externo e reduzem o impacto dos estampidos.
Ceia e decoração também exigem atenção
Os riscos do fim de ano não se limitam ao barulho. A casa decorada e a mesa farta escondem perigos frequentes para cães e gatos. Fios elétricos, enfeites pequenos e plantas ornamentais tóxicas podem causar choques, obstruções intestinais e intoxicações.
Na alimentação, o cuidado deve ser redobrado. Alimentos comuns da ceia, como chocolate, uvas, uvas-passas, cebola, alho e ossos, podem provocar desde distúrbios gastrointestinais até quadros graves, como insuficiência renal e anemia. Segundo a veterinária, muitos atendimentos de emergência nessa época estão relacionados ao oferecimento “de um pedacinho” de comida, feito sem a percepção dos riscos envolvidos.
O fim de ano pode, sim, ser um período de celebração, mas também exige responsabilidade. Planejamento, informação e empatia são fundamentais para garantir que a virada no calendário não se transforme em um episódio de sofrimento para os animais de estimação.